O consórcio integrado pelo empresário David Neeleman, dono da companhia aérea brasileira Azul, venceu o processo de privatização da companhia aérea portuguesa TAP. O resultado foi anunciado nesta quinta-feira (11) pelo governo de Portugal, na terceira tentativa de venda da companhia estatal em 15 anos. O grupo de Neeleman propôs um desembolso mínimo de 354 milhões de euros por 61% da TAP, mas o valor pode chegar a 488 milhões de euros, dependendo do resultado financeiro da companhia neste ano. Com parte do negócio, assume as dívidas da companhia, que somam cerca de 1 bilhão de euros.
A compra da TAP foi feita por meio do consórcio Gateway, formado por Neeleman, o empresário português Humberto Pedrosa, do grupo de transporte rodoviário Barraqueiro, e fundos de investimento que também são sócios da Azul. Pedrosa é dono de 50,1% da empresa que comprou a TAP, fatia que enquadra o grupo de investidores nas regras da União Europeia para companhias aéreas, que limita o capital não europeu a 49,9%. O governo português ainda oferecerá uma fatia de 5% da empresa para os trabalhadores da TAP. Além disso, o negócio fechado prevê uma opção de venda da fatia restante na mão do governo para os novos controladores.
O grupo de Neeleman disputava a TAP com o empresário Germán Efromovich, dono da companhia aérea Avianca. O Conselho de Ministros de Portugal informou que avaliou critérios como “reforço de capital, projeto estratégico e valor da transação” para escolher o comprador.
A maior parte dos recursos pagos para comprar a companhia será injetada na própria empresa e o governo português receberá um valor bem menor, que pode variar de 10 milhões de euros a 140 milhões de euros.
“O valor é reduzido, mas é importante. É um valor positivo e não negativo”, disse o secretário de Transportes do governo português e responsável pelo processo de privatização, Sérgio Monteiro, ao comentar que avaliações mostravam que, mesmo com o reforço de capital exigido na licitação, a TAP teria valor econômico negativo entre 36 milhões de euros e 140 milhões de euros.
O consórcio vencedor propõe injetar no curto prazo cerca de 340 milhões de euros na TAP. “A oferta vencedora apresenta mais dinheiro e mais recursos no curto prazo para fazer face aos desafios de tesouraria da TAP”, disse o secretário, justificando a escolha. A venda da TAP ainda será submetida às autoridades regulatórias da concorrência e da aviação de Portugal.