Mão-de-obra, de preferência, será de São Jose

Cerca de 1,8 mil postos de trabalho serão criados com a inauguração do Shopping São José. Para a parte administrativa, a preferência é para pessoas que morem na cidade, diz o empreendedor Salomão Soifer. "Os lojistas são livres para contratar quem quiserem, mas a maioria deve dar prioridade para quem more perto, favorecendo a população local". O empreendimento fica na região central de São José dos Pinhais, em um terreno do empresário onde ficava o extinto Hospital Pinheiros.

Soifer não descarta a entrada de sócios para o São José. Mas ele ainda aguarda a resposta de um pedido de financiamento feito ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A instituição pode financiar até 70% do valor do empreendimento, que é de cerca de R$ 60 milhões. "Dependendo da resposta, pode ser que permaneça um puro Soifer." (RF)

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A entrada de grandes incorporadoras no Paraná e o apetite de investidores por shoppings centers em todo o Brasil não alterou o estilo de negócios do empresário curitibano Salomão Soifer. Seu principal empreendimento, o Shopping Mueller, continua sob administração familiar, do mesmo jeito desde sua inauguração, há 24 anos. O mesmo caminho deve ser trilhado pelo Shopping São José, que está sendo construído em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, e deve abrir no final de 2008.

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Liana Soifer, neta do empreendedor, está fazendo sua estréia profissional no Shopping São José, onde será responsável pela área de marketing. O empresário aposta no próprio talento e no da família para manter seus negócios em alta e a salvo do apetite de terceiros. Soifer não revela quais grupos já o procuraram, interessados em adquirir o Mueller, o primeiro shopping de Curitiba. Mas afirma que não tem interesse em vender o empreendimento. Ele leva em conta experiências que outros empresários passaram recentemente.

No mês passado, a BR Malls, que no espaço de um ano se tornou líder no setor, adquiriu quatro shoppings no Rio de Janeiro, pelo valor de R$ 830 milhões. "Esse empresário que fez a negociação, meu amigo, me ligou e perguntou: 'e agora, o que faço com o dinheiro?' Não quero passar pelo mesmo problema. Prefiro ter um empreendimento pelo qual eu trabalhe e obter dele resultados", conta Soifer.

Em Curitiba, a BR Malls é dona do Shopping Estação – adquirido do grupo O Boticário em fevereiro deste ano –, detém 35% do Shopping Curitiba e negocia quiosques para o Shopping Crystal. O outro grande grupo nacional é o Multiplan, proprietário do ParkShopping Barigüi. A partir do segundo semestre do ano que vem, outro concorrente entra em cena: o Shopping Palladium, do mesmo grupo do Crystal, a Melton Administradora de Bens.

Para Soifer, Curitiba comporta todos os empreendimentos. "No início era só o Mueller, éramos os donos do pedaço. O Crystal veio, e no primeiro ano perdemos um pouco de participação, mas depois nos recuperamos. A mesma coisa aconteceu com o Curitiba. Há espaço para todos." Sobre os rumores de um novo empreendimento em um terreno próprio no Batel, Soifer prefere não fazer comentários.

Assim como em 1978, quando Soifer acreditou no lançamento do Mueller em Curitiba, agora ele aposta no potencial de São José dos Pinhais, cidade que abriga o principal aeroporto do Paraná e diversas indústrias, entre elas montadoras de veículos. "O presidente da Renault divulgou semana passada que serão contratadas outras 700 pessoas para a fábrica. O potencial de consumo da cidade é incrível", considera. Mas Soifer tem tido algumas dificuldades para fechar contratos com lojistas. Das 150 lojas satélites previstas, foram negociados 38 espaços. A praça de alimentação terá 14 lojas, das quais 11 já assinaram contrato. As quatro lojas-âncora estão definidas: Renner, Centauro, Cinemas Severiano Ribeiro e Lojas Americanas.

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Foi justamente a adesão das Lojas Americanas que viabilizou o Shopping São José. A pedido dela, foram feitas pesquisas que comprovaram o potencial de consumo da cidade. "Muitas pessoas me dizem que o povo prefere ir no shopping em Curitiba. Mas isso é porque ainda não há o número de lojas e as opções que teremos aqui", diz Soifer.