Documentos obtidos pelo site especializado em tecnologia "The Verge" detalham um plano elaborado do aplicativo de caronas pagas Uber para vencer o seu maior rival nos Estados Unidos, o Lyft.
Chamada "Slog", a operação foi confirmada pelo próprio Uber em um comunicado oficial após o "Verge" divulgar e-mails entre gerentes da startup e conversar com fontes anônimas contratadas para recrutar motoristas de outros serviços.
De acordo com eles, a startup fundada em 2009 criou uma equipe especial para juntar informações de motoristas do Lyft no lançamento do serviço em Nova York, em julho, e convencê-los a trabalhar para o rival.
Aos recrutadores, eram oferecidos celulares, uma série de números de cartões de crédito válidos e até kits com o necessário para um motorista começar a trabalhar para o Uber.
Formulários vazados também mostram que a operação "Slog" estava se expandindo para outras nove cidades dos EUA, entre elas Boston, Miami e Washington.
Conforme o plano crescia, a possibilidade de um recrutador conversar com um motorista do Lyft já contatado aumentava. Para evitar isso, segundo o site, perfis dos motoristas abordados eram compartilhados num grupo privado do aplicativo GroupMe, e requisições de viagens eram canceladas para evitar a identificação da equipe do Uber.
No comunicado em seu blog, o Uber falou sobre a operação "Slog" e negou prejudicar motoristas de serviços rivais cancelando viagens. "Nunca usamos táticas de marketing que previnam um motorista de ganhar seu pão."
Guerra de caronas
No início de agosto, a CNN noticiou que funcionários do Uber haviam requisitado e cancelado mais de 5.000 corridas do Lyft desde outubro de 2013, segundo análise do concorrente.
Outro serviço de caronas chamado Gett também acusou o Uber da prática, que ocupa os motoristas de um serviço -causando-lhes prejuízo - enquanto os do concorrente ficam livres para atender a requisições de usuários.
Segundo o Uber, as acusações eram "sem fundamento e inverdadeiras". Uma fonte ouvida pelo "Verge" disse que "não só o Uber sabe disso, como está encorajando essas ações dia a dia".
O Uber rebateu as alegações na época, dizendo que funcionários do Lyft, incluindo o cofundador da empresa, haviam cancelado aproximadamente 13 mil viagens do Uber.