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Veja as previsões de Carlos Langoni, ex-presidente do BC; Luís Afonso de Lima, da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet); José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB); André Perfeito, da Gradual Investimentos; e Raphael Martello, da Tendências Consultoria, para o caso de calote americano:

Dólar

O derretimento da cotação da moeda americana em relação a outras divisas tende a continuar. As que mais devem se valorizar são as moedas dos países em desenvolvimento e que crescem com mais força – é o caso do real. Mesmo que haja um acordo de última hora entre Casa Branca e Congresso, investidores devem fugir do dólar. "Investir em dólar seria o mesmo que, em uma casa pegando fogo, tentar fugir correndo para a lareira", diz Lima, da Sobeet. Mas isso não deve tirar a hegemonia da moeda americana. E pode favorecer as exportações americanas, pois seus produtos ficariam relativamente mais baratos e competitivos.

Fluxo de capitais

Países emergentes devem continuar recebendo uma enxurrada de recursos, o que continuará enquanto houver um forte descompasso entre o crescimento dos emergentes e a estagnação das nações ricas.

Juros americanos

Com a desvalorização do dólar e o eventual rebaixamento dos títulos americanos, a tendência é de alta dos juros no país no médio prazo, para que os EUA consigam atrair investidores e continuem se financiando. Isso pode segurar um pouco a desvalorização do dólar mais adiante.

Juros brasileiros

O Banco Central brasileiro, preocupado com a inflação interna, não deve, no curto prazo, mudar a trajetória da política monetária, a não ser que o calote mergulhe os EUA numa severa recessão.

Bancos americanos

Os economistas não enxergam problemas imediatos, como uma corrida aos bancos. O impacto só surgiria se o calote fosse prolongado, se os bancos acumulassem prejuízos. Haveria restrição ao crédito, o que ampliaria a crise, repetindo, de certa forma, o ano de 2008.

Títulos da dívida americana

Devem perder valor e terão de pagar mais juros. Mas não deve haver uma debandada geral por um motivo simples: não há uma clara alternativa a essa aplicação. Mas as agências de risco devem rebaixar a nota americana. China e Brasil estão entre os maiores detentores desses papéis.

Inflação

Alguns acreditam que uma retração mundial pode contribuir para reduzir os preços globais, se a moratória se prolongar demais. Para sobreviver, as empresas disputariam consumidores e cortariam preços. Outros apostam no contrário, em uma valorização das commodities, como petróleo e grãos.

Ouro

Vai se valorizar ainda mais. Desde janeiro de 2008, a cotação do metal – que pode se tornar o único porto seguro da economia global – já subiu mais de 90%. Com a aversão a riscos e ao dólar, deve aumentar a procura pelo ouro. Os EUA não sofreriam tanto, pois detêm a maior reserva mundial do minério.

Petróleo e produtos básicos

Uma eventual recessão americana provocada pelo calote pode reduzir o consumo e a pressão nos preços de alguns produtos básicos. Entretanto, o impacto disso pode ser minimizado, dependendo do comportamento da China e da Índia, que continuam com apetite de consumir. China – maior exportadora aos EUA – e Brasil poderiam sofrer no futuro por vender menos aos EUA, em crise.

Economia americana

A fraqueza dos EUA já foi sentida nos dados econômicos do primeiro semestre. Com o calote, a briga política e a proximidade das eleições presidenciais de 2012, isso tende a se agravar e o país pode mergulhar em nova recessão.

Economia global

Quando os EUA vão mal, o mundo vai mal. Quando isso se soma a um momento ruim também na Europa e no Japão, a situação piora. Nessa crise, os países emergentes podem continuar atraindo investimentos financeiros e produtivos, mas ter os EUA à frente de uma recessão global não seria bom para ninguém.

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