A economia brasileira registrou queda de 0,3% no primeiro trimestre, na comparação com os três últimos meses do ano passado, anunciou o IBGE nesta quarta-feira (1°). Este é o quinto resultado trimestral negativo seguido.
Em relação a igual período do ano passado, a queda foi de 5,4% — oitava queda consecutiva nesta comparação. Já o resultado acumulado em 12 meses registrou recuo de 4,7%. Este o pior resultado acumulado em quatro trimestres desde o início da série histórica em 1996. Em valores correntes, o PIB ficou em R$ 1,47 trilhão no primeiro trimestre.
Veja os números do PIB em gráficos
O resultado frente ao trimestre anterior veio acima das expectativas dos analistas. As projeção do mercado financeiro era de retração de 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), segundo a mediana das projeções compiladas pela Bloomberg.
Setores
Pela ótica da oferta, agropecuária, indústria e serviços tiveram recuo tanto na comparação com o trimestre imediatamente anterior quanto com relação ao mesmo período no ano passado. A atividade agropecuária registrou queda de 0,3% e 3,7%, a indústria recuou 1,2% e 7,3% e os serviços 0,2% e 3,7%, respectivamente.
Pela ótica da demanda, que corresponde a soma de tudo o que é gasto, houve recuo da Força Bruta de Capital Fixo (FCB), que indica o nível de investimentos, e do consumo das famílias nas duas comparações. A FCB encolheu 2,7% em relação ao último trimestre do ano passado e 17,5% em um ano. Já o consumo das famílias caiu 1,7% na passagem de trimestre e 6,3% na passagem de um ano. O consumo do governo cresceu 1,1% em relação ao trimestre anterior, mas em relação a um ano, caiu 1,4%.
O primeiro trimestre de 2016 apresentou taxa de investimento — que é a relação entre a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e o PIB — de 16,9%. Em igual período de 2015, a taxa tinha sido de 19,5%. Já a taxa de poupança foi de 14,3%, também inferior ao resultado registrado no primeiro trimestre de 2015, de 16,2%.
O setor externo teve contribuição positiva para o desempenho do PIB no primeiro trimestre, na comparação com o quarto trimestre. As exportações de bens e serviços tiveram expansão de 6,5%, enquanto as importações recuaram 5,6%.
Frente ao primeiro trimestre de 2015, as exportações tiveram alta de 13%, enquanto as importações registraram perda de 21,7%. Segundo o IBGE, os dois resultados foram influenciados plea desvalorização cambial de 37% e pelo desempenho da atividade econômica no período.
Tombo
No quarto trimestre, o PIB do país recuou 1,3%. No ano passado, a atividade econômica registrou queda de 3,8%, a mais profunda recessão desde 1990. Para este ano, a expectativa é de um tombo de proporções semelhantes, 3,81%, de acordo com o mais recente boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central. Os analistas esperam alta de 0,55% em 2017, segundo o relatório.
No início do mês, o BC estimou que a economia encolheu 1,44% no primeiro trimestre, segundo o IBC-Br, considerado uma espécie de “PIB do BC”. O número surpreendeu analistas, que, na ocasião, projetavam queda de 1,32%. Embora antecipe o dado oficial, o indicador usa metodologia diferente da utilizada no PIB calculado pelo IBGE.
Ao registrar mais uma queda, a economia brasileira completa uma série de oito tombos seguidos. Segundo o Comitê da Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas, a mais longa recessão já registrada no Brasil ocorreu entre o terceiro trimestre de 1989 e o primeiro trimestre de 1992, quando o PIB recuou por 11 trimestres consecutivos, acumulando baixa de 7,7%.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast