A China deve se preparar para os desafios que certamente virão sobre a crise financeira global, apesar da economia estar em boa forma de modo geral, disse o presidente do banco central do país, Zhou Xiaochuan, neste domingo.
Em relatório para o comitê permanente do Congresso Nacional do Povo, ou parlamento, sobre as projeções chinesas frente à pior crise financeira em 80 anos, Zhou fez um balanço entre confiança e cautela.
"Nós não devemos subestimar o impacto na nossa economia", disse à emissora estatal de televisão.
"O movimento básico da economia não mudou. Mas para confrontar os muitos fatores de desequilíbrio e incerteza que existem, é necessário aumentar nossa atenção aos perigos, enfrentar os desafios de maneira pró-ativa e realizar um trabalho sólido na preparação para encarar as dificuldades potenciais."
O controle de capital da China e o relativo conservadorismo de seus bancos limitou a exposição direta do país à crise financeira causada pela inadimplência generalizada de hipotecas nos Estados Unidos.
Zhou mencionou que as instituições financeiras do país cresceram de maneira forte, se comportando bem para a estabilidade do sistema financeiro, mesmo frente aos riscos externos.
Além disso, a grande necessidade de investimento em infra-estrutura e o potencial de expansão da demanda do consumidor podem ajudar a amortecer o impacto das exportações enfraquecidas, disse Zhou, de acordo com a transcrição de seus comentários divulgados pela China News Service.
O crescimento anual do PIB da China desacelerou para 9% no terceiro trimestre, frente 10,1% no segundo, e o governo anunciou várias medidas monetárias e fiscais nas últimas semanas para estimular o crescimento, incluindo duas reduções nas taxas de juros e nos depósitos compulsórios de bancos.
Zhou acrescentou que o banco central manterá vigilância sobre os preços ao consumidor, mesmo com a redução da inflação nos últimos meses, desacelerando para a taxa anual de 4,6% em setembro, frente ao pico de 8,7% em fevereiro.
O presidente do banco central chinês alertou, porém, que a inflação pode voltar a subir, mas não especificou como isso poderia afetar a política monetária, que deslocou recentemente o foco para a sustentação do crescimento econômico.