Shengdu - O vice-presidente americano, Joe Biden, tentou tranquilizar Pequim, o maior credor estrangeiro de Washington, ao declarar que os Estados Unidos "nunca estiveram em moratória e jamais estarão", durante visita uma à China marcada pela discussão de temas econômicos americanos.
Biden aproveitou o pronunciamento feito para 250 alunos da Universidade de Sichuan em Shengdu (sudoeste da China) para levantar a questão dos direitos humanos. Mas o assunto de destaque foi mesmo a economia, ao final de uma visita de cinco dias, durante a qual quis tranquilizar os dirigentes da China sobre as finanças americanas e a solidez dos bônus do Tesouro, nos quais Pequim investiu US$ 1,17 bilhões. Os Estados Unidos "nunca estiveram em moratória", insistiu o vice-presidente, três semanas depois de um acordo de última hora no Congresso que permitiu evitar um calote catastrófico no pagamento de seus débitos.
Apesar das dificuldades atuais, continuou Biden, "os Estados Unidos são ainda a melhor opção para investir".
Recentemente, a China chegou a expressar grande preocupação com o downgrade, a degradação do rating da dívida soberana americana pela agência de classificação Standard&Poors e a imprensa oficial havia pedido severamente que os Estados Unidos deixassem de viver gastando mais do que ganhavam. Os altos dirigentes chineses, entretanto, foram mais conciliadores nos encontros com Biden nesta semana. "O senhor transmitiu mensagem muito clara à população chinesa: os Estados Unidos cumprirão com sua palavra e obrigações, em matéria de dívida", disse o primeiro-ministro Wen Jiabao, ao receber Biden na sexta-feira. "Isto preservará a segurança, a liquidez e o valor dos bônus do Tesouro".
"Liberdade"
Biden usou o discurso para os estudantes para tocar na questão dos direitos humanos. A China "deve valorizar os intercambios entre os cidadãos, os estudantes e o governo", declarou. "A liberdade permite a um povo atingir o seu pleno potencial", acrescentou.
O vice-presidente evocou o tema em Pequim com os dirigentes chineses durante a semana passada, segundo fontes americanas, que não quiseram, no entanto, precisar se havia citado algum caso particular.
A China aumentou a repressão à dissidência desde o início da primavera árabe, em fevereiro. Antes da visita de Biden, Pequim também reforçou o controle aos opositores, pedindo que se mantivessem discretos, segundo as organizações dos direitos humanos.
Biden, que visita China pela primeira vez como vice-presidente, viaja hoje à Mongólia e, depois, ao Japão. Sua visita à China também tem como objetivo permitir aos Estados Unidos iniciar uma relação de confiança com a liderança política chinesa, com destaque para o vice-presidente Xi Jinping, que deverá suceder ao presidente Hu Jintao em 2013.