As incertezas políticas, a inflação pressionada e a piora da confiança do investidor pesarão sobre as empresas brasileiras pelo menos até meados de 2016, afirma a agência de classificação de risco Moody’s em relatório divulgado nesta quinta-feira (16).

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O texto foi publicado no mesmo dia em que representantes da agência se reúnem com o ministro Joaquim Levy (Fazenda) para analisar a situação econômica brasileira. O temor do governo é que o país perca o grau de investimento dado pelas agências de classificação de risco.

Segundo Marcos Schmidt, vice-presidente e analista sênior da Moody’s, as “investigações de corrupção pressionaram significativamente a economia brasileira, arrastando os setores de engenharia e construção e energia, consequentemente afetando também as indústrias de aço e materiais de construção”.

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No relatório, a agência – que vê retração do PIB brasileiro de 1,8% em 2015– afirma que a investigação da Operação Lava Jato deixou os investidores cautelosos em relação às companhias não financeiras do Brasil, limitando o acesso delas aos mercados globais de dívida.

Às incertezas políticas soma-se a deterioração do poder de compra do consumidor, em um cenário de aumento do endividamento das famílias, de altas taxas de juros, inflação pressionada e desemprego.

“As fracas condições econômicas e a reduzida demanda de passageiros limitarão o crescimento da receita e as margens das companhias aéreas brasileiras até pelo menos meados de 2016”, diz Schmidt.

“De modo semelhante, o crescimento irá desacelerar para as companhias brasileiras de telecomunicações, enquanto companhias de mineração vão enfrentar demanda global mais branda e preços mais fracos para minério de ferro e metais base”.

Para exportadoras de celulose, as notícias são mistas, segundo o relatório. O câmbio favorável vai beneficiar essas empresas, enquanto inflação, desemprego e confiança do consumidor em queda não deixarão as companhias aumentarem os preços.

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Rebaixamento

Uma equipe da Moody’s está no Brasil para avaliar se as medidas de ajuste fiscal necessárias para que o país mantenha sua nota de crédito estão sendo implementadas.

Para segurar a nota de risco do país, o governo entrou em contato com investidores estrangeiros para tentar reverter o clima negativo sobre as contas públicas.

Votações recentes no Congresso, como o aumento salarial para o Poder Judiciário, podem “colocar em risco nossa classificação no momento em que estamos fazendo esforço fiscal para reequilibrar nossas contas, que talvez tome mais tempo que imaginávamos inicialmente”, disse à Folha o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

Segundo ele, além de elevar os juros, o rebaixamento teria efeito sobre o câmbio, elevando a cotação do dólar.

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