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Alta do dólar, da inflação e dos juros. É dessa forma que o consumidor brasileiro pode sentir os reflexos se persistir a crise nos mercados financeiros mundiais, de acordo com especialistas ouvidos pelo G1.

Até mesmo quem nunca pensou em aplicar dinheiro na bolsa de valores corre o risco de vir a ser afetado por essa virada na economia mundial nas últimas semanas.

"O sinal mais imediato é a alta do dólar, na medida em que você tem uma saída de recursos do Brasil. Isso pode se refletir em uma inflação mais alta, o que também afetará o comportamento das taxas de juros", diz o professor da FGV-SP Rogério Mori.

O economista lembra que as taxas de juros no mercado financeiro já estão mais altas nos últimos dias. Segundo ele, isso pode chegar ao consumidor, que terá uma oferta menor de crédito, com taxas menos atrativas. Os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2009, por exemplo, subiram de 11,44% para 12,18% ontem.

O professor do Ibmec São Paulo Ricardo Almeida diz que o alto nível de endividamento do consumidor brasileiro é uma situação preocupante em um momento de crise como esta. "A população hoje está muito mais endividada do que nas crises passadas, por que viu o crédito fácil. Se as taxas de juros não puderem cair, podemos ter um problema na rolagem dos empréstimos por aqui", diz.

Outro problema é que muito desses consumidores vão amargar resultados negativos nos seus fundos de investimentos, mesmo aqueles que aplicaram em renda fixa ou multimercados, o que pode comprometer a sua renda. Além disso, segundo o economista, a alta dos juros também vai diminuir os investimentos das empresas e a geração de empregos.

"Já é uma questão de resultados das empresas. Tem companhia que já está cancelando captação [de recursos para investimentos]", diz Almeida.

Economia real

Para o economista Miguel Daoud, a economia real já foi atingida pela crise. Ele prevê que o primeiro impacto será o aumento dos juros no Brasil, algo que, segundo avalia, deve acontecer até o final do ano.

Ele espera também um efeito da alta do dólar sobre os preços. "Quando o dólar cai, o benefício não vem para o preço. Mas quando sobe, há um repasse imediato para os produtos."

Para o economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi, a "blindagem" que o país conquistou nos últimos anos não impede que o Brasil sofra com uma possível desaceleração no crescimento da maior economia mundial, os EUA, onde o consumidor já está sendo afetado pela crise no setor imobiliário.

"Não estamos blindados de forma alguma em relação a uma desaceleração mundial, que remova o estímulo para as empresas aumentarem a sua capacidade produtiva no Brasil. Ou que as exportações fraquejem, devido à queda no preço dos produtos que respondem pela maior parte da nossa balança comercial. No mundo atual, poucos países conseguem ficar totalmente isolados."

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