O empresário Eike Batista quebrou o silêncio desde que seu império começou a desabar no início deste ano e concedeu entrevista ao The Wall Street Journal. O protagonista de um dos maiores colapsos financeiros da história afirmou que os executivos do setor de petróleo que ele costumava chamar de "Dream Team" o enganaram. Ele também disse que seus investidores saíram do negócio antecipadamente, além disso, ele simplesmente não teve sorte.
"Eu sou o maior perdedor nisso tudo. Eu tentei criar riqueza para todos nós. Essa foi a razão de levantarmos todo o dinheiro - para criar riqueza e dividi-la", disse na sexta-feira o executivo em seu escritório no Rio de Janeiro. "Eu acreditei nisso. Vivendo em um país que tem essas descobertas de petróleo gigantescas, por que eu não poderia ter sido abençoado com uma delas?"
Segundo a publicação, em apenas doze meses, o empresário teve uma das maiores e mais rápidas implosões financeiras dos tempos modernos, perdendo o posto de sétimo homem mais rico do mundo, quando possuía uma fortuna estimada de US$ 30 bilhões.
"Embora as perspectivas para a OGX pareçam sombrias, dizem analistas, Batista tem conseguido vender partes de algumas outras empresas do grupo EBX em uma enxurrada de negociações nas últimas semanas. Em agosto, a EIG Management Co. concordou em investir até US$ 560 milhões por uma participação majoritária da empresa de logística LLX. Em julho, vendeu o controle da geradora de energia MPX para à alemã E.ON. A mineradora MMX vendeu o Porto Sudeste para a Trafigura Beheer BV e o Mubadala Development Co., num negócio de US$ 400 milhões", diz o texto.
O empresário disse ainda que poderia levantar US$ 1 bilhão vendendo suas plataformas de petróleo, mas não forneceu nenhum detalhe sobre as negociações em andamento. Ele reiterou que os acordos acima firmados indicam que seu conglomerado é mais saudável do que os investidores acredita.
Gestores da OGX tiveram culpa, afirma Eike
No auge de sua ascensão, diz a publicação, nenhuma das empresas do grupo EBX causou mais agitação do que a OGX. Para criá-la, "Batista montou um grupo de altos executivos vindos da Petrobras, que os investidores acreditavam ser ideais para selecionar os melhores campos de petróleo", diz o texto.
No entanto, a reportagem ressalta que Eike Batista disse que esses executivos eram bons em encontrar petróleo, mas não produzi-lo. Também afirmou que eles não conheciam a geologia com a qual a OGX lidava. "Pior, afirma, eles lhe entregavam relatórios brilhantes para convencê-lo a pagar gordos bônus". Vários ex-executivos da OGX não quiseram comentar.
"A motivação não era necessariamente me apresentar a verdade", disse.
Eike diz que se sente à vontade para culpar os gestores da OGX, já que, como um executivo do setor de mineração, ele não tinha conhecimentos da indústria de petróleo para questionar os relatórios que eles apresentavam.
"Sou dono de um grande grupo. Eu sozinho não posso fazer isso. Eu poderia ser o dono de um hospital, mas sem 50 cirurgiões das suas respectivas áreas você não é nada. Não tenho o conhecimento específico. Você não pediria ao dono de um hospital para operar o seu rim", disse.
O empresário acredita em sorte e superstições
"Se você olhar para o meu mapa astral, esse período não foi favorável para mim", disse. "A boa fase? Ela já começou, literalmente, este mês."