Vinte anos depois da aquisição da paranaense Prosdócimo pela Electrolux, a fabricante de freezers e geladeiras passou por um processo de transição no modelo de negócios. Antes voltada apenas para a criação de bens que atendessem a exigências internas da linha de produção, a marca direcionou os seus olhares aos anseios e necessidades dos clientes. A virada ocorrida em 2001, cinco anos depois de a marca chegar ao estado, resultou no lançamento de inovações para o mercado nacional e no maior investimento em design e novos produtos.
Hoje, a fabricante apresenta em média cerca de 100 itens ao mercado todos os anos, que vão desde reestilizações e adaptações feitas para diferentes regiões do país a bens inéditos. Um cronograma mantido mesmo em períodos de desaceleração nas vendas, como ocorreu no ano passado, quando a linha branca teve uma queda estimada em mais de 10% no Brasil.
“A nossa fábrica tem hoje uma grande flexibilidade de produção. Há três ou quatro anos, víamos uma maior venda de produtos ‘Classe A’, com características inspiracionais. Mas agora há uma procura por produtos mais simples, e nós estamos preparados para atender a essa demanda”, conta o vice-presidente de Indústria e Operações para a América Latina, Ramez Chamma Junior.
Com uma capacidade de produção de 8 mil itens por dia, a unidade localizada no bairro do Guabirotuba ocupa 90 mil metros quadrados e é a responsável por abastecer todo o mercado brasileiro. Além desta fábrica, a Electrolux possui uma outra unidade na capital, na Cidade Industrial de Curitiba, que produz itens como purificadores de água e aspiradores de pó. Ao todo, as unidades empregam 3.380 funcionários.
O plano de lançamentos da Electrolux é feito dentro de um horizonte de três a quatro anos, mas isso não significa que os itens não recebam adaptações conforme as respostas dos consumidores. “A cada ano, nós ouvimos cerca de oito mil consumidores em diversas clínicas, que são feitas principalmente em São Paulo, onde está 40% do nosso mercado, quando fazemos protótipos muito próximos dos produtos finais e testamos a aceitação com os clientes”, explica o vice-presidente de Desenvolvimento de Produto e Qualidade, Gilmar Zilli.
Foi por meio destas avaliações que a marca apresentou em 2004 o primeiro fogão com dois fornos do país e agora se prepara para lançar até o fim de 2016 opções de eletrodomésticos com controle de funções via celular para todas as suas linhas de produtos. O direcionamento da marca ao consumidor levou ainda a um investimento de cerca de R$ 1,5 milhão em tecnologias de realidade virtual, que contribuíram com a experiência dos clientes nas pesquisas de mercado.
Pés no chão
Embora a perspectiva seja de estabilização das vendas do varejo, após meses de queda, o vice-presidente de Indústria e Operações, Ramez Chamma Junior, afirma que a Electrolux “mantém os pés no chão” quanto à demanda do mercado. Todos os meses, a fabricante avalia os respostas dos consumidores antes de definir o volume de produção, que pode receber um reforço em horas extras caso haja um aumento na procura. No ano passado, a fabricante enxugou o quadro ao demitir 540 trabalhadores em virtude do mau momento da economia. “Historicamente, o setor de linha branca é o primeiro a sentir a crise e um dos últimos a se recuperar dela. Quem compra uma geladeira tem uma expectativa de uso de 10 anos, o que é diferente de um automóvel com um ciclo de dois a três anos”, completa o diretor.