Bombardeada com críticas por deixar milhares de pessoas sem eletricidade em São Paulo, a Eletropaulo é generosa com seus acionistas. No ano passado, a empresa pagou mais de R$ 1,3 bilhão em dividendos para acionistas - o dobro do que investiu em suas operações (R$ 682 milhões). Enquanto isso, seus indicadores de qualidade se deterioraram desde 2006. No ano passado, os clientes da distribuidora ficaram em média 11 horas sem energia.

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Essa tem sido a tendência da Eletropaulo nos últimos anos. Entre 2006 e 2010, a empresa pagou R$ 3,5 bilhões em dividendos, enquanto os investimentos somaram R$ 2,5 bilhões, segundo levantamento feito pela empresa de informação financeira Economática, a pedido do Estado. No mesmo período, o tempo que o consumidor ficou sem energia aumentou de 8 horas para 11 horas. Em 2009, a empresa teve o pior índice desde a privatização, em 1999.

"Eles estão fazendo uma gestão exclusivamente financeira, em detrimento dos consumidores. Estão se lixando para os serviços que prestam", afirma o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal. A Eletropaulo é uma empresa de capital aberto, que tem o governo brasileiro entre seus acionistas e é controlada pelo grupo americano AES.

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) detém 49% das ações ordinárias da Companhia Brasiliana, que detém a concessão da Eletropaulo.

"Em momento algum a distribuição de resultados fragilizou a capacidade de investimento da empresa", diz Britaldo Soares, presidente da distribuidora. Ele afirma que os investimentos da Eletropaulo vêm crescendo nos últimos anos e a qualidade dos serviços melhorou. "Mas isso não evita que a gente enfrente eventos extraordinários. Quando isso acontece, a gente para e refaz o planejamento."