Uma crise de confiança histórica atingiu ontem os mercados globais e motivou uma corrida inédita, desde o crash da Bolsa de Nova Iorque (1987) para investimentos livres de risco. O pânico aconteceu mesmo após o socorro, na véspera, do Federal Reserve, o BC norte-americano, à seguradora AIG, que parecia poder acalmar os mercados. Foi o terceiro dia seguido de perdas nas bolsas, que varreram estimados US$ 3,6 trilhões do valor de mercado das empresas pelo mundo.
Em meio a uma desconfiança sobre a saúde financeira de bancos de investimento como Goldman Sachs e Morgan Stanley, fundos de pensão gigantes e grandes investidores institucionais se livraram de ações e de dívidas corporativas para se refugiarem em papéis da dívida pública americana de curto prazo.
A procura foi tão alta que alguns desses papéis chegaram a ser negociados com juro próximo de zero, na menor taxa desde a Segunda Guerra. Ou seja, o investidor chegou a pagar ágio para comprar papéis que praticamente não trarão qualquer rendimento, mas que são refúgio contra perdas.
Ao mesmo tempo, os juros dos empréstimos entre bancos privados dispararam, levando as taxas ao maior patamar desde 20 de outubro de 1987, data que entrou para história de Wall Street como a "segunda-feira negra" do crash da bolsa nos anos 1980.
O índice Dow Jones, de Nova Iorque, terminou o dia com perda de 4,06%; o S&P 500, de 4,71%.
Bovespa
No Brasil, o índice Ibovespa, principal referência do mercado doméstico, teve baixa de 6,74% . Com nova expressiva desvalorização, a Bovespa registra agora perdas de 17,55% no mês. No acumulado do ano, a depreciação está em 28,14%. Os 45.908 pontos marcados no fechamento do pregão de ontem representaram o menor nível da bolsa paulista desde abril de 2007. Todas as 66 ações que formam o Ibovespa terminaram o dia em queda.
Com a continuidade das incertezas, a ordem no mercado internacional tem sido a de se desfazer de ativos mais arriscados (como ações e títulos de emergentes). Nesse cenário, o Brasil é um dos que mais sofrem, pois a bolsa brasileira se destacava, até maio, como um dos pontos mais lucrativos do mundo financeiro.
"A crise lá fora é muito séria, e o ajuste é doloroso. É praticamente impossível ficar isolado dela. A turbulência vai seguir no curto prazo e não tem como escapar disso", afirma Alexandre Lintz, estrategista do banco BNP Paribas.
Neste mês, o valor de mercado das companhias listadas na Bovespa já encolheu aproximadamente R$ 315 bilhões.
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