A crise que abateu a indústria em 8,3% no ano passado, pelo segundo ano consecutivo, se espalhou por variados ramos e provocou reduções na produção de oito em cada dez itens industriais pesquisados pelo IBGE.
Dos 805 produtos industriais investigados, 78,3% tiveram queda de produção em 2015 na comparação com o ano anterior. São desde televisores e automóveis a bens de consumo considerados mais essenciais, como alimentos.
Esse percentual foi o maior desde 2013, quando o IBGE passou a calculá-lo, superando os índices registrados em 2014 (63,7%) e 2013 (47,8%), informou André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE.
“Foi um ano [o de 2015] caracterizado por quedas intensas e também de perfil disseminado. A queda atingiu desde os bens mais supérfluos aos bens essenciais”, disse Macedo, durante coletiva nesta terça-feira (2).
Entre os produtos que ainda cresciam em 2014 e que sucumbiram à crise no ano passado estão os dos ramos de bebidas (-5,9%) e farmacêuticos (-12,2%). Também passaram a recuar itens do ramo de perfumaria e sabões (-3,8%).
No setor de automóveis, 97% dos 37 produtos acompanhados pelo IBGE tiveram queda na produção. No ramo de alimentos, um dos maiores da pesquisa em número de itens, a queda ocorreu em mais de 65% dos produtos.
Dos poucos produtos acompanhados pelo IBGE com aumento de produção no ano passado estava o minério de ferro.
Pressão
Segundo Macedo, o desempenho ficou mais negativo por fatores como o baixo nível de confiança dos empresários e das famílias, o que inibe, respectivamente, decisões de investimentos e de consumo de produtos menos essenciais.
“Essas famílias são afetadas pelo aumento do desemprego, renda real do trabalhador em queda, crédito mais escasso. Além, é claro, do aumento da inflação. Isso produz um comportamento negativo no comércio e afeta a indústria”, disse ele.
Pelas grandes categorias econômicas, todas tiveram queda no ano passado. Bens de capital (que incluir máquinas e equipamentos) foi o destaque, com queda de 25,5%, a maior da série da pesquisa iniciada em 2003.
Também tiveram queda bens intermediários (-5,2%), bens de consumo duráveis (-18,7%) e semi e não duráveis (-6,7%).
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