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Em crise, Petrobras deixa de patrocinar festas juninas neste ano

A Petrobras patrocina festas junina desde 2005 com foco na divulgação da marca e no apoio a manifestações culturais | Andre Rodrigues/Gazeta do Povo
A Petrobras patrocina festas junina desde 2005 com foco na divulgação da marca e no apoio a manifestações culturais (Foto: Andre Rodrigues/Gazeta do Povo)

Enfrentando uma grave crise financeira, com demissões e cancelamento de investimentos, a Petrobras não vai patrocinar festas de São João neste ano.

A estatal era uma das principais financiadoras das festas juninas no Nordeste e chegou a investir R$ 10,9 milhões em 2012 para patrocinar a festa em 187 cidades.

Desde então, a empresa vem reduzindo o valor dos patrocínios ano a ano. Em 2015, o patrocínio foi de apenas R$ 1,7 milhão distribuído para 14 cidades.

Em nota, a Petrobras informou apenas que não patrocinará as festas, mas não apresentou justificativa para o cancelamento.

A Petrobras patrocina festas junina desde 2005 com foco na divulgação da marca e no apoio a manifestações culturais. Deste então, a estatal investiu cerca de R$ 50 milhões em festas de São João no Nordeste.

Cortando gastos

As torneiras fechadas de um dos principais financiadores do São João fizeram parte dos prefeitos reduzirem os gastos com a festa.

Em Amargosa, cidade do recôncavo baiano com uma das festas mais tradicionais da Bahia, a prefeitura vai investir R$ 1,6 milhão no evento, corte de 20% em relação ao ano passado. A cidade recebia cerca de R$ 80 mil por ano de patrocínio da Petrobras.

“O dinheiro da Petrobras faz falta, sobretudo porque era usado em ações que promoviam o lado mais cultural, da tradição da festa”, afirma a prefeita Karina Silva (PSB).

Além de captar recursos com o governo da Bahia e do Ministério do Turismo, a prefeitura manteve contratos de patrocínio com Ambev e Sky.

Já em Senhor do Bonfim, outra tradicional festa da Bahia, a prefeitura não conseguiu patrocínios nem públicos nem privados. Vai gastar R$ 1,2 milhão na festa com recursos próprios.

O prefeito Edivaldo Correia (PTN) afirma que a festa “fere profundamente as finanças do município” e diz manter o São João apenas pela tradição: “É um sacrifício. O povo fica alegre, mas a prefeitura chora”, diz.

Mesmo com menos patrocínios, parte das cidades realizará festas de grande porte. É o caso de Caruaru, que gastará R$ 13 milhões na festa e pagará R$ 575 mil por um show do cantor Wesley Safadão.

A prefeitura captou R$ 8,1 milhões, sendo R$ 6,1 milhões com dez empresas, incluindo Ambev, Bradesco e Friboi, e R$ 2 milhões do governo de Pernambuco.

Mais recursos

Na contramão da Petrobras, outros órgãos estatais ampliaram o volume de recursos aplicados no São João.

O Ministério do Turismo, que no início deste ano criou o produto “São João do Brasil” para aumentar o fluxo de visitantes nas festas, vai aplicar R$ 6,2 milhões em festas juninas, sendo a maior parte oriunda de emendas parlamentares.

O montante é quase 20 vezes maior do que no ano passado Por causa do atraso na aprovação do orçamento de 2015, apenas R$ 300 mil foram investidos em festas juninas

A Bahiatursa, superintendência de turismo da Bahia, ampliou os repasses para municípios de R$ 3 milhões para R$ 4,8 milhões e vai patrocinar a festa em 96 municípios.

Em contrapartida, reduziu pela metade a verba para o São João em Salvador. As festas no Pelourinho e no Subúrbio Ferroviário custarão R$ 4,2 milhões e terão atrações locais.

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