O dólar comercial encerrou a quarta-feira (2) quase estável frente ao real, com um leve fluxo positivo sendo contrabalançado pela cautela no exterior com a divulgação de números sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Segundo profissionais do mercado, a expectativa de investidores sobre eventuais medidas do governo visando conter a valorização do real tem ajudado a travar as cotações. A moeda americana teve queda de 0,06% no fim do dia, fechando a R$ 1,722 para a venda.
Na véspera, o dólar exibiu a maior queda diária em pouco mais de cinco meses. "O que a gente viu foi um movimento de 'gangorra'. O fluxo (positivo) esteve mais fraco hoje e o mercado lá fora acentuou o tom negativo no final da tarde", disse Marcos Forgione, operador de câmbio da B&T Corretora de Câmbio.
Dados dos EUA
Um relatório da ADP Employer com a Macroeconomic Adviser LLC mostrou que o setor privado norte-americano cortou 169 mil empregos em novembro, ante estimativa de 155 mil cortes de economistas consultados pela Reuters.
Analistas acreditam, no entanto, que a tendência no curto prazo ainda é de apreciação do real, diante da expectativa de mais entradas de recursos, respaldada pelos bons fundamentos da economia brasileira.
"Se considerarmos uma tendência baseada na percepção do investidor com o Brasil, ela ainda é de queda (para o dólar), mesmo porque tanto o governo quanto o mercado esperam um forte crescimento da economia brasileira", avaliou Paulo Fujisaki, analista de mercado da corretora Socopa.
Entrada de recursos
Hoje, o Banco Central divulgou que o fluxo cambial em novembro até o dia 27 está positivo em US$ 3,558 bilhões, com entrada de recursos no segmento comercial e no financeiro. O ingresso líquido no mês passado é mais que o dobro do registrado até o dia 20, de US$ 1,481 bilhão.
Fujisaki ponderou que o dólar tem demonstrado resistência a mais quedas devido ao receio de que o governo adote medidas adicionais para conter a valorização do real. "Os investidores estão em compasso de espera para saber se mais medidas serão adotadas ou não. Nesse contexto, ninguém quer fazer uma aposta mais direta, o que tem mantido as cotações na faixa de R$ 1,70", considerou.
Em outubro, o Ministério da Fazenda instituiu a cobrança de 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capital para aplicações em ações e renda fixa. No mês passado, o governo decidiu cobrar uma alíquota de 1,5% sobre operações com recibos de ações brasileiras no exterior.