• Carregando...

Na teoria econômica, o conceito de vantagem comparativa é discutido há pelo menos 200 anos, quando foi formulado pelo economista inglês David Ricardo. A tese diz que um país deve se concentrar em produzir aquilo que faz com maior eficiência – em relação a si próprio, e não a outros países. Num exemplo bastante simplificado: se o Brasil produz soja melhor do que videogames, as empresas devem se concentrar em produzir mais soja e menos videogames, alocando os trabalhadores para a área mais produtiva. O curso natural dessa política é que as empresas que atuam nas áreas menos eficientes vão certamente diminuir de tamanho, o que pode afetar emprego e geração de impostos; mas, por outro lado, o país ganha ao conseguir produtos a um preço menor comprando do exterior – é mais caro fabricá-los internamente justamente porque as empresas são menos eficientes em produzi-los.

O problema é que, para muitos economistas, o país precisa ter uma indústria fortalecida e que, especialmente, seja capaz de inovar e oferecer soluções na área de tecnologia. Uma economia focada na exportação de commodities não agrega valor a seus produtos – o que dificulta a geração de riquezas. Para um país com a carga tributária brasileira, de 37% do PIB, a geração de impostos é essencial para controlar as contas públicas.

Por isso há uma preocupação grande de que a nova Medida Provisória realmente tenha foco na promoção de novas competências e na geração de tecnologia, com impacto direto na competitividade do país. "Como está escrito, desta forma genérica, essa legislação tende a ter um custo maior do que o benefício", diz Marcelo Curado, economista da UFPR. "É importante que seja usada apenas para áreas que impliquem desenvolvimento tecnólogico", acrescenta.

Maior comprador do país, o governo é um alvo natural do lobby das indústrias nacionais. Na última semana, o empresário Benjamin Steinbruch, presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), deixou claro quão longe alguns industriais estão dispostos a ir para proteger seu mercado. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, falando sobre o crescimento da importação, disse ele: "(é preciso) fechar o país por um tempo, a fim de fomentar a indústria nacional".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]