Versão brasileira das Notas Estruturadas, populares na Europa e nos Estados Unidos, a aplicação financeira conhecida como Certificados de Operações Estruturadas (COE) completou em janeiro um ano no mercado brasileiro com boa rentabilidade e perspectiva de expansão: em breve, deve passar a integrar o rol de produtos oferecidos por corretoras. Hoje, o investimento é acessível apenas a clientes dos segmentos de alta renda dos bancos, que tendem a suavizar essa barreira.
No primeiro ano de oferta, as notas acumularam R$ 6,2 bilhões em emissões, feitas em 30 mil operações, junto a 14 bancos. Em 64% dos casos, a rentabilidade anualizada foi igual ou superior à taxa DI, referência para remuneração de títulos bancários e que teve índice acumulado de 10,78% no último ano. Menos de 0,1% dos papéis de COE registraram rendimento negativo em 2014. Os dados são da Cetip, que registra, deposita e liquida os títulos.
Flexível
Entre os principais atrativos do COE está a possibilidade de, na estruturação do negócio, mesclar aplicações de diferentes perfis, seja renda fixa ou variável. No ano passado, os ativos que lideraram as opções dos investidores foram câmbio (36,7%), Ibovespa (30,9%) e inflação (26,2%). Ainda é possível indexar o rendimento dos títulos a ativos como juros, commodities e ações internacionais.
O prazo para vencimento da aplicação também varia: no ano passado, os negócios mais buscados foram os com prazo de resgate superior a dois anos, seguidos pelos títulos de curto prazo, com carência inferior a 90 dias.
Essas características fazem com que o instrumento seja flexível e se adapte a diferentes clientes de diferentes perfis. “O COE tem um nível de customização muito grande”, diz Carlos Albuquerque, gerente de produtos da Cetip, que explica que a análise do perfil do investidor é fundamental para a definição dos ativos ideais. Há 35 diferentes combinações de COE, que representam 70 opções de aplicação, já que é possível vincular o papel à variação positiva ou negativa do indexador escolhido.
Outro diferencial é a opção por proteger parte do valor nominal investido. Nesse caso, o dinheiro aplicado fica resguardado, mesmo no caso de perdas. A contrapartida é que, em negócios com esse perfil, o investidor determina um teto de ganho, abrindo mão de lucrar mais, caso a variação positiva fique acima da margem estabelecida no contrato. No primeiro ano, 96% dos COEs emitidos adotaram a proteção.
Expansão
A expectativa de crescimento do COE se baseia em um processo de regulamentação de oferta e distribuição dos títulos, conduzida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e que passou, em fevereiro, pela etapa de audiência pública. O trabalho busca estabelecer regras mais claras para o produto, de forma a atrair novos emissores e não tem data precisa para ser concluída.
Entre os agentes financeiros que podem ingressar nesse mercado estão corretoras e agentes bancários internacionais. Os bancos nacionais que já trabalham com o título podem paulatinamente reduzir as barreiras de acesso.