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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu no final da tarde desta sexta, em São Paulo, a "reorganização" do sistema financeiro internacional, uma reivindicação, segundo ele, dos representantes dos países emergentes que se reúnem neste final de semana no encontro do G20 em São Paulo.

"Faltam regras mais sólidas para impedir abusos que foram cometidos no setor financeiro. Falta regulação, aumentar a fiscalização. É preciso mais transparência do que essas instituições financeiras estão fazendo", afirmou Guido Mantega. O ministro concedeu entrevista coletiva dentro da programação do encontro do G20, cuja abertura oficial será neste sábado, em São Paulo. O G20 reúne ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais de grandes economias desenvolvidas e emergentes. O Brasil ocupa a presidência rotativa do grupo até o final deste ano. As propostas dos países emergentes serão discutidas nestes sábado e domingo durante o encontro em São Paulo. O objetivo, segundo Mantega, é ter uma proposição conjunta, ao final do encontro, para ser levada a uma nova reunião do G20 prevista para acontecer em Washington (EUA) na semana que vem. Segundo ele, a proposta poderá ser a de fortalecer o G20 ou ampliar o G7 (grupo dos sete países mais ricos), de modo a abrigar os principais países emergentes. "Propostas não faltam e todas convergem para estruturar o sistema financeiro, diminuir o raio de atuação do setor financeiro", afirmou. No início da tarde, em palestra na Câmara Americana de Comércio (Amcham) o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, havia afirmado que a reunião do G20 no Brasil servirá para discutir a criação de órgãos de fiscalização das transações financeiras internacionais".

Mantega afirmou durante a entrevista que é necessário "estancar" os efeitos da crise, de maneira a que os países emergentes não sejam atingidos.

"Nosso receio é que isso [a crise] atinja a atividade econômica. Ou seja, se persistir a falta de crédito e juros avançados, teremos retração internacional. O FMI prevê crescimento ainda menor do que já tinha previsto. Parece provável que haja recessão nos EUA, nos países europeus e no Japão", declarou.

De acordo com o ministro, está havendo fuga dos investidores para a qualidade", ou seja, a retirada de investimentos dos países emergentes. "Na verdade, o risco maior era nos avançados. Mas eles [os investidores] preferem ir para os avançados porque se sentem mais seguros", afirmou. Segundo Mantega, as empresas de avaliação de risco "falharam ao permitir que ativos tóxicos fossem negociados no mercado, o que acabou levando ao agravamento da crise". Proposta

Mantega concedeu a entrevista depois de se reunir nesta sexta com ministros de China, África do Sul, Índia e México. Segundo ele, os grandes países emergentes se recusam a participar como "olheiros" do G7, o grupo dos sete países mais ricos do planeta. De acordo com Mantega, os emergentes querem uma participação ativa nas novas decisões sobre a economia mundial. Uma das alternativas, de acordo com o ministro, é fortalecer o G20, que pode passar de um "órgão de reflexão" para ter um papel de definição de diretrizes. A proposta dos países emergentes, segundo Mantega, é que o G20 seja integrado por chefes de Estado, em vez de presidentes de bancos centrais e ministros de finanças, como atualmente.

O ministro disse que o formato atual do G7 permite que apenas uma parcela do poder econômico mundial tome decisões que afetam o mundo todo. Ele pediu uma reforma das grandes instituições de governança internacional, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. De acordo com Mantega, ambos falharam ao impedir a crise. Por isso, diz Mantega, os emergentes pedirão "uma reforma (dessas) instituições". Os grandes países emergentes, apelidados de Bric, também defendem um sistema de fiscalização do sistema financeiro mundial - com mais transparência, ficaria mais fácil saber quando instituições financeiras passam por dificuldades. Mantega diz que o sistema ainda é regido por "regras dos anos 40", e que agora "o mundo mudou".

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