Esther, da Escola Atuação: contratação de gestores de fora foi descartada| Foto: Henry Milléo / Gazeta do Povo

A competitividade do mercado tem estimulado as empresas a profissionalizarem suas gestões para se tornarem mais eficientes. Nas empresas familiares, o compartilhamento da gestão com profissionais do mercado financeiro pode ser benéfica. Mas qual é o momento certo para fazer a transição? Segundo especialistas, o empreendedor deve ter a sensibilidade para saber em que ponto está a empresa e se é necessária a mudança.

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A empresária e pedagoga Esther Cristina Pereira, dona da Escola Atuação, está passando agora por esse impasse. E optou por uma solução caseira, sem a presença de gestores contratados.

No início, há 25 anos, só havia o berçário, e Esther fazia sozinha todo o processo administrativo. À noite, seu marido colocava as finanças da escola em ordem. Com o aumento da demanda, logo expandiram para a Educação Infantil. O marido largou o emprego no setor de processamento de dados de um banco e começou a trabalhar na escola em tempo integral.

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O casal nunca teve auxílio de profissionais externos para gerir a escola. Hoje há funcionários para ajudá-los, mas a fundadora e seu marido são os responsáveis pelo gerenciamento da empresa, que tem duas sedes nos bairros Santa Quitéria e Boqueirão, em Curitiba, com 730 alunos cada. Ao todo, são 217 funcionários. Em vez de contratar administradores profissionais, Esther fez MBA em gestão pela PUC e cursos para empreendedores. E prepara sua filha, de 22 anos, para sucedê-la na direção da escola. A jovem, que também é pedagoga, está aprendendo a gerir a área pedagógica. O genro, formado em Administração, irá cuidar do setor administrativo-financeiro. Outro filho de Esther trabalha no setor de eventos da escola.

"Ter uma gestão familiar é complexo. Em muitos momentos, tem que separar o lado emocional", avalia Esther. A empresária acredita que trabalhar com familiares é mais fácil do que com estranhos, pois se conhecem melhor e há mais liberdade de expressão.

O problema é que a nova geração pode ter uma visão diferente dos fundadores. "Quem é mais velho tem que se abrir para as ideias novas que os jovens trazem. Mas os mais novos também tem que ter maturidade para entender o que você construiu", acredita Esther.

Marcos Quintanilha, sócio-diretor da Ernst & Young no Paraná e Santa Catarina, recomenda que as novas visões devam ser avaliadas. "As mudanças são salutares e têm de ser colocadas na mesa. O empresário inteligente avalia o que é bom para a sua empresa. Sobrevive quem se adapta ao mercado", pondera.

ProcessoMelhorar controles internos é primeiro passo para transformação

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Segundo Marcos Quintanilha, sócio-diretor da Ernst & Young no Paraná e Santa Catarina, não existe fórmula única para a empresa profissionalizar a gestão. "À medida que o negócio vai crescendo e ficando mais sofisticado, pode surgir essa necessidade", explica. O aumento da complexidade das operações torna mais difícil administrar a empresa. O empresário deve avaliar se a solução está dentro da família e analisar quem se encaixa mais no perfil. Às vezes, a profissionalização pode ser feita apenas em uma área, como a financeira.

De acordo com o coordenador-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Carlos Peres, o primeiro passo para uma empresa se profissionalizar é aprimorar o controle interno. "O empreendedor deve profissionalizar os processos, garantindo que as informações adequadas sejam obtidas no tempo certo, evitando desperdícios e outros problemas. Também é importante estabelecer regras de relacionamento e reuniões periódicas", explica Peres.

Para ele, o processo de escolha tem que ser muito bem avaliado e feito com cautela. "O gestor tem de estar preparado e gostar do que faz. Se não houver um sucessor natural na família, deve-se procurar uma gestão executiva", diz Peres.