No Brasil, parte da motivação em abrir seu próprio negócio parte da vontade de não ter chefe. Ocorre que é importante que as empresas nascentes tratem uma questão fundamental para seu crescimento, que é a governança corporativa.
Este tema pouco praticado pela comunidade empresarial no país deve ser observado também pelas startups. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) publicou o Código de Melhores Práticas que traz os seguintes princípios: Transparência, Equidade, Prestação de Contas (Accountability) e Responsabilidade Corporativa. Cada um destes princípios toca uma questão fundamental, negligenciada pela maior parte das empresas nascentes, que é a divisão de interesses e papéis dos stakeholders da empresa, que na realidade da startup podemos definir minimamente como sendo os Sócios e Gestores.
Na prática, na nova empresa ocorre naturalmente uma fusão de papéis, na pessoa do empreendedor, mas é fundamental que ele tenha clareza das diferenças de expectativa de cada um destes papéis. O Sócio, seja ele fundador ou investidor, espera sempre maximizar seu investimento e cabe ao Gestor conduzir o negócio com este objetivo. Ainda que seja uma situação delicada, os sócios fundadores precisam avaliar quais as competências de cada um para cada área da empresa e, na primeira oportunidade de trazer um profissional com maior competência, trazê-lo rapidamente para a gestão da empresa.
O que ocorre na prática é que os sócios fundadores têm competências similares, e, para ter todos na gestão da empresa, invariavelmente uma ou mais áreas vão ficar com um gestor sem a competência necessária. Assim, no papel de empreendedor-gestor, é certo que você terá um chefe, nem que seja você mesmo, só que com um olhar e "cobrança" de um Investidor. Ao empreendedor no papel de Investidor, cabe estar atento ao seu capital e exigir de você Gestor os melhores resultados.
Felipe Couto, coordenador do Senai Centro Internacional de Inovação
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