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Entrada de grandes redes nos bairros mexe com os pequenos negócios

Ricardo Reginato, dono do Mercado Kiwi , no bairro Boa Vista | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Ricardo Reginato, dono do Mercado Kiwi , no bairro Boa Vista (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Ricardo Reginato está redescobrindo o seu negócio próprio. Dono de um minimercado no bairro Boa Vista, em Curitiba, há cinco anos, ele está enfrentando pela primeira vez a concorrência de uma grande rede que se instalou a duas quadras do seu estabelecimento.

Em menos de dois meses com a presença do novo vizinho, ele já notou uma queda no faturamento da loja de 500 m² e o encalhe de alguns produtos nas prateleiras, principalmente daqueles de alta rotatividade, como o leite. “É comum ver os clientes com sacolas do outro supermercado”, diz o empresário.

Para não sucumbir à concorrência, Reginato está reavaliando os produtos que vende e fortalecendo os seus grandes diferenciais: atendimento e serviço de açougue. A loja parou de vender itens que estão em promoção no supermercado vizinho e começou a apostar em produtos premium e naturais. Também mantém uma equipe de 18 funcionários e compra carnes de primeira linha. Tudo para não deixar o cliente escapar.

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A disputa entre comércios de vizinhança e grandes redes é antiga. Depois que os bairros passaram a concentrar grandes mercados consumidores, empresas de grande porte migraram para as áreas periféricas das cidades em busca desse público. A tendência aconteceu nos diversos segmentos do varejo, como mercados, farmácias e salões de beleza.

Apesar de assustar à primeira vista, a entrada de uma grande rede no bairro não significa o fim dos pequenos negócios. “Não é simples atuar no bairro”, diz Ana Paula Tozzi, CEO da GS&AGR Consultores. Ela explica que empresas de grande porte levam tempo até construir uma relação de proximidade com a nova clientela e que são muito engessadas para promover mudanças rápidas.

Os pequenos negócios levam vantagem por conhecer melhor os seus clientes e conseguir mudar rapidamente. Em contrapartida, perdem quando o quesito é preço, já que têm menos poder de barganha com os fornecedores. Por isso, a orientação do coordenador estadual de varejo do Sebrae-PR, Osmar Dalquano Junior, é buscar a profissionalização do seu negócio. “Não dá para levar apenas na sobrevivência”, diz.

Segundo o consultor do Sebrae-PR, o pequeno varejo de bairro precisa começar a medir o desempenho do negócio através de indicadores e estipular metas de crescimento. Também devem adotar práticas de gestão, principalmente na área financeira, de controle de estoque e de perecíveis e de recursos humanos.

Dalquano Junior também recomenda investir em outros canais de venda, como delivery e-commerce, para não ficar refém do ponto físico. “É possível formar grupos nos aplicativos de mensagem para informar os clientes de promoções, de novidades”, comenta. Tudo isso ser perder o bom atendimento e o contato próximo com o cliente.

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