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O Núcleo de Alimentos em Eventos, de Ponta Grossa fez uniforme e padronizou as barracas | Josué Teixeira / Gazeta do Povo
O Núcleo de Alimentos em Eventos, de Ponta Grossa fez uniforme e padronizou as barracas| Foto: Josué Teixeira / Gazeta do Povo

Serviço

Programa Empreender

Para participar de um núcleo setorial, a empresa deve integrar a associação comercial e empresarial do seu município. O programa é coordenado pelas entidades, em parceria com o Sebrae. Informações sobre as coordenadorias estaduais no site da Faciap: www.faciap.org.br

Opinião

Unir forças dá resultado

Vitor Roberto Tioqueta, diretor-superintendente do Sebrae-PR

Unir forças é uma saída inteligente para os pequenos negócios. O aprendizado tem se mostrado bastante eficaz no Paraná, com a organização de empresas de pequeno porte em núcleos setoriais, redes empresariais e tantas outras formas de associativismo e cooperativismo.

Juntos, os pequenos negócios ganham mais densidade, para propor ações que os beneficiem coletivamente, como políticas públicas mais adequadas à realidade do segmento, compras coletivas com melhores custos e ainda poder de escala, ou seja, produção em grande quantidade.

Ganham ainda, com essa filosofia, os empresários que, com o convívio, uns com os outros, passam a encontrar soluções para problemas comuns, trocam experiências, aprofundam o autoconhecimento e desmistificam a ideia antiga de que o concorrente é sempre um inimigo.

O associativismo praticado no Paraná, com o apoio do Sebrae e parceiros que também enxergam a alternativa como viável, tem provado o contrário. Concorrentes podem conviver em harmonia e, juntos, por que não, melhorar suas empresas e, por consequência, o desempenho do segmento.

É, sem dúvida, uma oportunidade para os pequenos negócios que se coloca. Uma aliança estratégica que gera impacto direto nos resultados das empresas, soma competências e otimiza a produtividade.

Pequenas e médias empresas têm muitos problemas em comum: formação de mão de obra, dificuldade na negociação com fornecedores, acesso restrito ao crédito, falta de ferramentas de gestão empresarial, entre outros. Em muitos casos, as soluções também podem ser compartilhadas. Essa é a linha mestra do programa Empreender, desenvolvido no Paraná pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do estado (Faciap), em parceria com o Sebrae. Empresários de um mesmo segmento são reunidos em núcleos setoriais e, juntos, ganham mais poder para solucionar questões do dia a dia e traçar estratégias de desenvolvimento dos seus respectivos negócios.

O projeto é inspirado em um modelo de formação empreendedora alemã, trazido para o Brasil em 1992. No Paraná, começou em 1998 e hoje reúne 2.046 empresas em 192 núcleos diferentes, principalmente no interior do estado. Ao longo de 16 anos de trabalho, muitas dessas organizações atingiram níveis de maturidade que elevaram o patamar de atuação dos blocos.

É o caso do Arranjo Produtivo Local (APL) de moda infantil em Terra Roxa e o polo industrial de bonés, em Apucarana. "Temos muitos resultados positivos pelo estado. E estamos na trilha para cumprir o principal objetivo do programa, que é aumentar a longevidade das empresas", explica o gestor de projetos da Faciap, Marcio José Vieira.

De acordo com dados da entidade, na década de 1990, o índice de mortalidade das empresas brasileiras antes do quinto ano de atividade era de 75%. "Hoje, esse porcentual no Paraná é de 25%, um dos menores do país", comemora.

Parceiros

Coordenados por consultores, os núcleos são organizados para buscar soluções dos problemas que as empresas têm em comum. O espírito associativista é essencial para que o modelo funcione. O concorrente passa a ser parceiro e todos ganham em competividade. Custos de formação de mão de obra, por exemplo, podem ser rateados entre os participantes.

O bloco também tem maior poder de barganha para negociar descontos com fornecedores, pois as compras serão em grandes volumes. "Mesmo na gestão do negócio, os parceiros discutem juntos estratégias de marketing e planejamento que vão beneficiar a todos. Eles criam e reproduzem boas práticas, que acabam impactando no atendimento e na qualidade final do produto ou serviço", observa a consultora Andrea Cláudia Monteiro, coordenadora de operações do Empreender na Faciap.

Outro nível de evolução do modelo de setorização é a associação de empresas de diferentes segmentos para resolver questões transversais. Podem ser desde demandas com o poder público, como serviços de limpeza e recolhimento de lixo, transporte coletivo ou sinalização do trânsito, até situações relacionadas à rotina do trabalho, como jornada ou horário de funcionamento das lojas.

Rede

Empresários dividem agenda, problemas e soluções

Até 2010, sobrava desentendimento entre a Vigilância Sanitária de Ponta Grossa e os empresários do setor de alimentos em eventos. Regras de manipulação de alimentos, acondicionamento de produtos, montagem de barraquinhas, pontos de exposição e outras questões pertinentes à atividade colocavam fiscais e empresários em lados opostos. A formação do Núcleo de Alimentos em Eventos conseguiu amenizar o conflito entre os envolvidos.

"Quando organizados, os empresários buscaram o diálogo e conseguiram cumprir as exigências. O relacionamento melhorou muito", avalia a consultora Lucilene de Fátima Oliveira, coordenadora do grupo, que mantém uma reunião semanal na Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa.

Organização

São 11 empresas diferentes, com faturamentos mensais que vão de R$ 2,5 mil a R$ 20 mil. Tem barraqueiro de churros, batata frita, espetinho, crepe, pastel, docinhos, drinques, sanduíches e yakissoba. Além das boas práticas da Vigilância Sanitária, o grupo definiu padrões de exposição e atendimento, com uniformes e estandes iguais e ainda administra a agenda de eventos da região, de acordo com a capacidade de cada um.

As compras também são feitas em conjunto e os empresários compartilham logística e infraestrutura nas viagens realizadas pela região. "O número de formalizações também subiu, o que contribui para a autoestima do empreendedor e sustenta o crescimento da sua empresa", diz a consultora.

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