Uma pesquisa realizada este ano pelo Instituto Qualibest para a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) mostra que, para 83% dos homens entrevistados, o tempo em que só as mulheres se preocupavam com a aparência já passou. Além disso, 54% deles frequentam regularmente salões de beleza e barbearias.
Esse setor vem crescendo e o valor gasto pelos brasileiros com esse tipo de produto somou R$ 21,6 bilhões em 2015, segundo pesquisa da Euromonitor Internacional. Nos últimos cinco anos, os gastos cresceram mais de 15% ao ano e a projeção é ultrapassar os R$ 27 bilhões, em 2020. Até lá, o crescimento anual previsto pela empresa de pesquisas é de quase 5%.
Mesmo quem é novo no mercado já percebe o crescimento da demanda masculina por produtos de higiene e beleza. A curitibana Mentório, loja virtual aberta em abril deste ano com apenas quatro marcas, ampliou seu portfólio para 48 marcas e viu a procura pelos produtos crescer 30% até hoje. São mais de 20 pedidos por dia e 600 clientes atendidos, em média, por mês, nas cinco regiões do Brasil.
A intenção da empresa, segundo o sócio Heraldo Fantinatti, é facilitar a vida do homem, que – “além de prático e muitas vezes preguiçoso ou envergonhado” – tem dificuldade de encontrar produtos específicos para si.
Com o aumento da demanda, a Mentório pretende, em 2017, descentralizar o estoque para um Centro de Distribuição na cidade de São Paulo, a fim de reduzir custos com frete e diminuir o tempo de entrega em outras partes do país.
Além disso, a meta para o ano que vem é abrir o canal de assinaturas; expandir para 200 marcas; investir na automação do sistema de atendimento ao cliente; ampliar para mais duas capitais as entregas same day delivery (já disponível em Curitiba e região); e dobrar o faturamento, atingindo o ponto de equilíbrio da empresa, até o final do primeiro semestre de 2017.
Expansão
Para o executivo de contas da consultoria Nielsen, João Otávio Araújo, a perspectiva para o nicho de beleza e higiene masculina é de crescimento. Ele comenta que ainda é muito grande a quantidade de homens que não tem acesso aos produtos masculinos e que acabam utilizando os que não são específicos para si. “Os fabricantes e marcas que se apoderarem do apelo masculino, terão a oportunidade de converter novos consumidores homens”, comenta.
Além disso, segundo estudo de Neurociência da Nielsen, o público é prático e prefere mensagens fáceis e de apelo mais atitudinal do que sensorial - como competição, esporte e auto identificação.
Mais à frente do que a Mentório, a Rabixo trabalha desde 2012 com o sistema de assinaturas e tem no portfólio – de 25 marcas e mais de 200 itens diferentes – acessórios como cueca, meia, preservativos, escova de dente, além dos de higiene e beleza.
Para Dalton Kawazu, um dos sócios da empresa, conveniência e comodidade são fatores cruciais. “É só entrar no site e montar um kit com os produtos que necessita. O primeiro envio ao cliente é imediato, e os outros a cada três meses”, explica. O foco da Rabixo são solteiros entre 20 e 35 anos, que precisam de produtos de necessidade básica e que estão sendo mais vaidosos e buscando cuidar mais da saúde do corpo.
O plano da Rabixo Assinaturas é faturar entre um e um milhão e meio de reais em 2017, além de triplicar o número de quase 2.500 assinantes que possui hoje.
Cuidado para não se empolgar
Segundo uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), um quarto (25,4%) dos brasileiros entrevistados afirmam já ter deixado de guardar dinheiro para comprar produtos de beleza e higiene e outros 6,5% já deixaram de cumprir compromissos financeiros para priorizar essas compras.
Mas não é só isso. 6,8% dos homens declararam que estão com o nome registrado em serviços de proteção ao crédito por atrasos no pagamento desse tipo de produtos. A explicação pode vir de respostas como as dos 31,5% que afirmam que costumam comprar itens desse segmento para se sentirem melhor, quando não estão muito felizes.
O brasileiro gasta com esse segmento, em média, aproximadamente R$ 95 por mês e quase 60% das compras são feitas em supermercados.
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