Dos três grandes setores da economia brasileira, apenas um deve crescer neste ano: a agropecuária, que, segundo a expectativa mais recente de bancos e consultorias, vai avançar 1,5% em relação a 2014. Para os serviços, a previsão é de um recuo de 0,2% e, para a indústria, espera-se uma queda de 3,1%. E é justamente no agronegócio que a curitibana Spro IT Solutions confia para continuar crescendo.
A empresa, especializada na implantação e manutenção de sistemas de gestão empresarial, conhecidos como ERPs, inaugura neste mês uma filial em Cascavel, no Oeste do estado. O objetivo é fortalecer a atuação no interior do estado, onde estão alguns dos principais clientes – cooperativas, tradings e outros – e o maior potencial de crescimento.
“O agronegócio conta com forte apoio oficial, tem elevado sua produtividade, representa uma parcela importante do PIB e segura os resultados da balança comercial. Mas é um setor ainda pouco explorado pelos ERPs”, observa Almir Meinerz, diretor executivo e de operações da Spro.
Controle sofisticado
Almir Meinerz, executivo da Spro, explica que o agronegócio tem processos muito peculiares, que exigem tratamento específico. É o caso do recebimento de grãos. “Quando o produtor entrega a produção com preço ‘a fixar’, por exemplo, a empresa agrícola passa a estocar um produto que não é dela e logo começa a processar ou revender, e só vai pagar o produtor quando este decidir ‘travar o preço’. Um processo assim exige um controle muito sofisticado”, diz.
Meinerz abriu a empresa em 2008, mas sua ligação com o agronegócio é mais antiga: ele é filho de um produtor rural de Toledo (Oeste do Paraná) e iniciou sua carreira na área de TI da Sadia. “Nos últimos anos houve uma evolução tecnológica muito grande no parque de máquinas do setor. Agricultura de precisão o país já tem. O que ainda falta, em muitos casos, é precisão na gestão do negócio agrícola”, diz.
Difícil de precisar é a projeção de faturamento da Spro neste ano. A crise econômica e a reeleição de Dilma Rousseff “congelaram” três contratos de grande porte que a Spro vinha negociando e o resultado deste ano pode representar tanto um tímido avanço quanto um grande salto sobre 2014, dependendo de quantos clientes tirarem ou não seus planos do congelador.
Carteira diversificada
A Spro tem em sua carteira de clientes empresas ligadas ao agronegócio como a Nidera Sementes, a BSBios, a Novozymes, a Philip Morris e a Imcopa. Mas sua atuação não se limita a esse setor. Ela também presta consultoria a companhias de outras áreas, como a Embraer – atendida pela filial de São José dos Campos (SP) –, Votorantim Cimentos, Boticário, ALL, DHL, Aker Solutions e Toshiba, entre outras.
“Nossa perspectiva mais conservadora é de um crescimento de 5%. Mas, se esses três grandes projetos saírem, as receitas vão subir mais de 60%”, diz Meinerz. A empresa, que tem 100 funcionários, já se programava para enxugar o quadro de pessoal quando, no fim de março, o fechamento de dois outros negócios garantiu um alívio.
Serviços
A Spro é parceira certificada da alemã SAP, líder do mercado mundial de softwares corporativos. Isso significa que ela tem autorização para implantar os produtos da SAP, com as configurações e ajustes necessários para cada cliente, e depois fazer a manutenção desses sistemas.
A empresa é um dos três parceiros brasileiros da multinacional com experiência no módulo Agricultural Contract Management, o ACM, carro-chefe da SAP na área do agronegócio. O software, lançado em 2012, está agora em sua segunda versão. Com o apoio do diretor de agronegócio da SAP para a América Latina, Cláudio Lot, a Spro implantou o sistema na fabricante de biodiesel BSBios, do Rio Grande do Sul.
Empresa busca receita extra com softwares próprios
Para não depender apenas da receita da prestação de serviços de consultoria, a Spro desenvolveu produtos próprios que, na maioria dos casos, podem ser integrados ao ACM ou outras soluções da SAP. Dois deles servem para o acompanhamento do dia a dia da produção agrícola.
O aplicativo Visita Agronômica é um apoio para o engenheiro agrônomo que acompanha o produtor rural. Nele, o profissional pode buscar dados e preparar relatórios de avaliação técnica, planejamento plantio e colheita, e uso de fertilizantes. O Gestão do Produtor Rural, por sua vez, ajuda o fazendeiro a gerenciar sua propriedade, armazenando e cruzando informações que vão do histórico do clima às variedades de sementes usadas nas lavouras, passando por todo o controle de despesas e receitas.
Outros três produtos são voltados a tradings, cooperativas e outras empresas que compram a produção. O Gestão de Pátio acompanha o controle de entrada e saída de caminhões, bem como a pesagem e a classificação dos grãos. O Monitor de Recebimento, por sua vez, faz o registro físico, fiscal, contábil e financeiro da entrada e saída de produtos. E o Cockpit Financeiro trata do acerto de contas da empresa com o produtor, já considerando o abatimento de dívidas e adiantamentos. (FJ)
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