A Puro Cigar de Habana tem um contrato de exclusividade de representação dos puros cubanos no Brasil. Com base nele, montou uma operação contra os importadores independentes e as tabacarias que se abastecem em outras fontes. Restaurantes e lojas foram vistoriadas pela polícia, charutos apreendidos e uma dúzia de ações judiciais abertas. "Quem não compra do distribuidor exclusivo só pode estar apelando para algum tipo de ação irregular", declara Luiz Araripe, advogado da Puro Cigar.
Para os importadores, o direito da Puro Cigar se restringe aos negócios fechados diretamente com Cuba. Nada impede, dizem, que façam encomendas de representantes em outros lugares. "A lei brasileira garante o direito de concorrência. Ninguém pode vetar a importação de produtos legítimos", garante o advogado Ivelson Salotto, que defende as empresas acusadas de contrabando.
Os argumentos dos "dissidentes" do mundo dos puros se completam com a exposição de uma figura do italiano Nunzio D'Angieri, o Puppi, presidente da Puro Cigar. Os negócios de Puppi no Brasil são investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, que quer que o Itamaraty barre o diplomata. A conclusão do procurador federal que relatou o caso é que o italiano desrespeita acordos internacionais.
Apesar de detalhar a atuação do presidente da Puro Cigar, o pedido do MPF não apagou o fogo da disputa. As ações contra importadores e tabacarias continuam tramitando e o advogado da empresa diz que está conseguindo decisões favoráveis. Ivelson Salotto desdenha: "Eles conseguiram algumas liminares porque os juízes não conheciam bem o caso. Todas foram cassadas e as ações devem ser arquivadas", diz. (GO)
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