O presidente da Subcomissão de Regulamentação dos Marcos Regulatórios do Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), disse nesta terça-feira (19) à Agência Brasil, que a apresentação, pelo governo, de propostas como a criação de uma empresa estatal, a Petrosal, para explorar o petróleo descoberto na Bacia de Tupi, pode ser uma estratégia para facilitar as negociações sobre como será investido o dinheiro arrecadado a partir desta nova reserva.
"Na política, costuma-se dizer que uma determinada autoridade colocou 'o bode na sala' para referir-se intenção de com uma proposta radical, ter condições de negociar um meio termo que lhe interessa", disse o senador Delcídio Amaral. "Eu acho que o jogo [do presidente Luiz Inácio Lula da Silva], se tiver, é radicalizar com uma proposta exótica para botar as coisas na normalidade depois". Delcídio Amaral, que já foi diretor de Petróleo e Gás da Petrobras, disse que, mais objetivo para o governo, do que criar uma nova estatal, seria aumentar o percentual que recolhe das empresas petrolíferas sobre o óleo explorado.
Diante da importância estratégica da descoberta da mega reserva de petróleo na bacia de Tupi, na chamada camada pré-sal, senadores já se articulam para tentar reverter a tendência de politização deste assunto. O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), já destacou a importância de o Legislativo entrar imediatamente neste debate. "O Brasil é um país que vai ter outra referência perante o mundo todo a partir da exploração dessa reserva", destacou Garibaldi.
É no Congresso que será definida a utilização dos recursos oriundos da exploração de petróleo na camada pré-sal, uma vez que cabe aos deputados e senadores a discussão e a aprovação de um marco regulatório para o setor. Na qualidade de presidente da subcomissão, Delcídio Amaral já tem os nomes de alguns técnicos especializados na área de regulação e exploração de petróleo. Sua idéia é convidá-los para a realização de uma série de "debates qualificados" com os senadores.
Desta forma, Delcídio Amaral pretende neutralizar uma politização do assunto que, segundo ele, tem preocupado empresários do setor e autoridades da própria Petrobras. "Eles [empresários e autoridades da estatal] estão vendo que essa coisa [politização do debate sobre a mega reserva] vai ser ruim para o Brasil e a Petrobras. A empresa têm parceiras e os negócios ficam prejudicados na medida em que se cria um clima de insegurança com essas empresas", afirmou Delcídio Amaral.