Petrobras negocia emissão de bônus em euros e libras
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, está finalizando negociações no exterior para emissão de bônus em euros e libras, que irão reforçar o combalido caixa da empresa para 2014. A previsão é de que a emissão gire em torno dos 3 bilhões de euros e meio milhão de libras, segundos uma fonte da estatal. O vencimento seria de quatro, sete e 11 anos para a emissão em euros e de 20 anos para os bônus em libras.
A Petrobras investe US$ 47,3 bilhões por ano, segundo o plano de negócios 2013-2017, que está em revisão. Segundo a presidente da companhia, Graça Foster, o próximo plano (2014-2018) manterá esse patamar ou cairá "um pouco", disse em entrevista à Folha de S.Paulo no final do ano passado.
O plano 2013-2017, no total de US$ 236,5 bilhões por cinco anos prevê a execução de 947 projetos. A empresa vem enfrentando dificuldades de caixa por não conseguir repassar os preços do petróleo e derivados que compra no mercado internacional para o mercado interno. Apesar de lucrativa, as importações reduzem os ganhos da companhia, que conta com a venda de ativos e estratégias contábeis para evitar maiores perdas.
Uma série de emissores de dívida de diversas partes do mundo aproveitou o clima de apetite por risco deste início de ano para captar recursos nos mercados. Enquanto a Petrobras levantou cerca de R$ 11 bilhões com uma emissão de bônus em euros e libras (leia mais ao lado), grandes companhias internacionais - especialmente norte-americanas - anunciaram captações nos dois primeiros dias da semana e até alguns emissores soberanos entraram no mercado, como a Irlanda e a Indonésia.
As taxas básicas de juros ainda em patamares historicamente baixos e a relativa calma do mercado de crédito dos EUA estimularam as empresas a emitirem dívida no país. Além disso, as ofertas de companhias norte-americanas foram feitas com certa rapidez antes do início da temporada de balanços do quarto trimestre de 2013 - na quinta-feira, com os resultados da Alcoa -, já que informes ruins poderiam dificultar as captações.
Entre as empresas classificadas como grau de investimento, a FedEx lançou US$ 2 bilhões em bônus de 10, 20 e 30 anos nesta segunda-feira, 6, mesmo dia em que a Commonwealth Edison emitiu US$ 650 milhões em bônus de 5 e 30 anos. A Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, captou US$ 750 milhões em bônus de 3 anos com taxa flutuante e com a reabertura de papéis para 2018.
Para os investidores que buscam dívida com taxa de retorno mais alta, o governo do Sri Lanka foi o primeiro emergente a emitir bônus no mercado internacional neste ano. Ontem o país - que tem rating B+ pela Standard & Poor's, B1 pela Moody's e BB- pela Fitch - vendeu US$ 1 bilhão em papéis com vencimento em 5 anos, com yield (taxa de retorno ao investidor) de 6,0%.
Nesta terça-feira (7) foi a vez de a Indonésia oferecer bônus de 10 anos com yield de 6,2% e bônus de 30 anos com yield de 7,1%, segundo fontes. Com isso o país pretende levantar capital para ampliar suas reservas internacionais. A Indonésia está entre os países emergentes considerados vulneráveis em razão de seu grande déficit em conta corrente e a rupia local perdeu mais de 20% do valor no ano passado.
Enquanto isso na Europa, a Irlanda deixou para trás os três anos de ajuda financeira internacional e vendeu 3,75 bilhões de euros em bônus de 10 anos, depois de atrair demanda de mais de 14 bilhões de euros. Com essa demanda, a Irlanda conseguiu vender os papéis com yield de 3,543% - uma enorme diferença em comparação com o yield oferecido pelos bônus irlandeses de 10 anos em 2011, que era de cerca de 14%.
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