Depois de três décadas isolada, a pequena cidade fantasma de Pripyat, a poucos quilômetros da central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, pode virar uma grande fazenda solar. A ideia é instalar 4 megawatts de energia fotovoltaica até o final deste ano.
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De acordo com a Bloomberg, a Ucrânia está buscando investidores interessados em construir um sistema de energia solar nos arredores de Chernobyl. Construída na década de 1970 para abrigar os trabalhadores da usina e suas famílias, Pripyat foi a cidade mais atingida pela explosão do reator nuclear 4 em abril de 1986, há 30 anos.
Com restrições ao desenvolvimento de atividades produtivas num raio de 30 quilômetros a partir da usina de Chernobyl, onde a radiação de longa duração torna a agricultura muito perigosa, a energia solar é uma das únicas formas de reaproveitar os arredores da usina.
Com um nível de insolação melhor que o da Alemanha, que tem quase 39 gigawatts de painéis instalados, a Ucrânia está aumentando seu foco em energias renováveis como forma de reduzir a dependência do gás natural russo, que vem caindo ano a ano. Em 2015, o volume importado foi menos da metade do total registrado em 2014.
Durante uma entrevista em Londres, o ministro de Meio Ambiente da Ucrânia, Ostap Semerak, disse que a “a área de Chernobyl tem realmente um bom potencial para energia renovável”. Segundo ele, o local já oferece uma estrutura de transmissão de alta tensão usada anteriormente para escoar a energia das centrais nucleares. Além disso, a terra é barata e há pessoas treinadas para trabalhar em usinas de energia.
Segundo o ministro, o chamado complexo solar de Chernobyl já teria despertado o interesse de duas empresas de investimento dos Estados Unidos e quatro companhias de energia do Canadá. O Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento também estaria considerando financiar o projeto.
A implantação de um sistema solar em Chernobyl também poderia aproximar mais a Ucrânia da União Europeia, influenciando a opinião pública em zonas de conflito ao longo da fronteira com a Rússia.
“Temos prioridades europeias normais, o que significa ter os melhores padrões com o meio ambiente e as ambições de energia limpa”, disse Semerak. “Queremos ser uma Ucrânia bem sucedida, para mostrar às pessoas na zona de conflito que a vida é melhor e mais confortável com a gente”, acrescentou.