O Brasil poderá ganhar a primeira usina de energia solar concentrada em 2017. O sistema de energia heliotérmica – que usa o sol como fonte indireta de eletricidade – poderá ser instalado na cidade de Petrolina, em Pernambuco.
Com a ajuda do Instituto solar de Jülich (SIJ), da Alemanha, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) pretendem construir um projeto-piloto para testar a tecnologia, como parte de um laboratório-referência que deverá integrar diferentes pesquisas em energia solar.
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Para que a ideia seja concretizada, o grupo tenta conseguir cerca de R$ 45 milhões com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por meio da chamada pública nº19/2015 – Desenvolvimento de Tecnologia Nacional de Geração Heliotérmica de Energia Elétrica, do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica.
O projeto, que já foi apresentado à Aneel e devolvido para ajustes, está, novamente, nas mãos da agência, que deve dar novo parecer até outubro. Se aprovado, o projeto de pesquisa terá 40 meses a partir de 2017 para ser desenvolvido. A construção da usina será acompanhada pela Agência Espacial Alemã, em uma área da Chesf na cidade de Petrolina (PE), escolhida em função do clima semiárido da região, que recebe muita incidência solar.
“Faz parte da pesquisa adaptar esse sistema de produção de energia às características do Brasil, já observando possíveis fornecedores locais, para que, além de desenvolvê-la, possamos descobrir seu custo-benefício e torná-la comercial e competitiva”, comenta Pedro Bezerra de Carvalho Neto, gerente do Departamento de Tecnologias de Geração da Chesf.
A expectativa é grande, pois há outros países debruçados na mesma ideia, como Estados Unidos, Alemanha, Israel e Espanha, por exemplo. “Essa é uma tendência mundial, pois quando você aproveita o sol na forma térmica você tem mais possibilidades de armazenamento. A usina heliotérmica entrará na matriz energética dos países como uma opção confiável, que não oscila e que está se tornando comercialmente viável”, esclarece Paulo Alexandre Rocha, professor e coordenador do Laboratório de Energia Solar e Gás Natural da UFC.
Segundo Rocha, a ideia é nacionalizar o conhecimento e a tecnologia heliotérmica. “O projeto está bem estruturado no sentido de o Brasil realmente conseguir dominá-la. Nossa percepção é a de que a década da energia solar está começando”, acrescenta.
Carvalho Neto, da Chesf, lembra, ainda, de outras descobertas que acabaram acontecendo durante as pesquisas. “São as descobertas indiretas. Espero muito que esse projeto venha consolidar o laboratório multiusuário e que possamos congregar diversos institutos de pesquisa e engenharia, do Brasil e de fora, como um centro de referência em estudos de energia solar”, afirma.