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Startup mineira fabrica células solares tão finas e flexíveis quanto uma cartolina

Custo da instalação dos filmes ainda é alto, com  preços entre R$ 1 mil a R$ 1,8 mil por m² instalado, mas, em dois anos, valores podem cair 50%. | Silke Wolf
Custo da instalação dos filmes ainda é alto, com preços entre R$ 1 mil a R$ 1,8 mil por m² instalado, mas, em dois anos, valores podem cair 50%. (Foto: Silke Wolf)

O Brasil concorre em igualdade com outros países do mundo na área de pesquisas sobre filmes finos orgânicos capazes de converter energia solar em elétrica. Em cerca de oito meses de atuação, a startup mineira SUNEW, que produz e vende placas OPV – sigla em inglês para módulos fotovoltaicos orgânicos – já figura como uma das líderes globais neste segmento.

Por ano, a companhia é capaz de fabricar até 400 mil m² dos materiais, produzidos em rolos. Esta condição aumenta a possibilidade de ganhos de escala e permite a personalização do produto conforme a necessidade do comprador.

A capacidade de geração energética média dos filmes é de até 50 watts por metro quadrado no horário de pico, mas o índice pode variar de acordo com a intensidade da tinta aplicada no substrato plástico. Composta por polímeros de carbono é a tinta que, em contato com a radiação solar, cria o sistema que libera elétrons e forma a corrente elétrica ligada à rede do usuário. O modelo de captação e distribuição energética funciona com a mesma lógica das tecnologias tradicionais, baseadas em placas de silício.

A variação do OPV, entretanto, garante ao sistema versatilidade suficiente para que se adapte a diferentes superfícies e conquiste novos mercados não tão acessíveis às soluções mais conhecidas, como as placas solares tradicionais. Na prática, os filmes podem ser aplicados de janelas de prédios, vidros de carros a mochilas e capas para tabletes, por exemplo.

Brasil na frente

A tecnologia passou a ser investigada há cerca de duas décadas, mas já representa a maior promessa do mercado fotovoltaico para aumentar o aproveitamento solar e popularizar o setor . “Países como Alemanha, Japão e Inglaterra, por exemplo, já avançados no domínio do mercado solar, estão em fases de pesquisa e aplicação das OPVs semelhantes à nossa”, conta Marcos Maciel, diretor da SUNEW.

Criada a partir da convergência de esforços entre o Centro Suíço de Eletrônica e Microssistema (CSEM) Brasil, BNDES, Tradener, CMU Energia e o fundo de investimento FIR Capital, a fábrica chegou a contar no início dos trabalhos, em 2011, com representantes de mais de uma dezena de países na equipe para acelerar o domínio do conhecimento. Hoje, o time formado por 20 químicos, físicos e engenheiros de materiais, além de membros do CSEM, continua plural, com integrantes de, pelo menos, cinco nações.

Tecnologia chega ao mercado

Neste ano, as novidades já começam a ganhar mercado. O primeiro teste dos filmes será feito na fachada do novo prédio da Totvs, em São Paulo, uma das maiores desenvolvedoras de softwares do mundo. O edifício, com previsão de ser entregue no início de 2017, terá filmes em OPV dentro dos vidros. Eles vão revestir 4 mil m² de área do empreendimento. A SUNEW ainda não estima o volume energético que as películas adicionarão à rede elétrica, mas adianta que a energia produzida deve manter em funcionamento os 3,5 mil notebooks da companhia. Os vidros custaram cerca de 40% a mais que os tradicionais, mas a economia mensal com a conta de luz deve recuperar o investimento em menos de dez anos.

As montadoras também já estão no radar da startup mineira. A Fiat, por exemplo, está em fase avançada de testes para usar a tecnologia em modelos da marca. Instalada no teto do veículo, a película solar pode reduzir em até 3% o consumo de combustível, diminuindo, também, a emissão de CO2 (dióxido de carbono) à atmosfera. O sistema ainda garantiria, em dias quentes, energia suficiente para manter um ventilador interno funcionando com o carro desligado.

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