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Indústria

Weg contorna desaceleração com aposta em energias renováveis

Mercado brasileiro responde por 43% do faturamento da Weg: crescimento do setor eólico promete elevar participação do país na geração de receitas. | Jonathan Campos/gazeta do povo
Mercado brasileiro responde por 43% do faturamento da Weg: crescimento do setor eólico promete elevar participação do país na geração de receitas. (Foto: Jonathan Campos/gazeta do povo)

Conhecida como uma das maiores fabricantes de motores elétricos do mundo, a Weg, de Jaraguá do Sul (SC), conseguiu contornar a desaceleração da economia nacional ao apostar no setor de energias renováveis. A companhia, fundada em 1961, passou a dominar nos anos 80 a produção de sistemas elétricos industriais completos e, desde a década de 1990, exporta componentes para a fabricação de turbinas eólicas norte-americanas. Em meados de 2012, assumiu o desafio de produzir equipamentos próprios, passando a construir e comercializar aerogeradores completos.

A aposta foi vista como ainda mais estratégica quando o risco de racionamento registrado entre 2014 e 2015 intensificou o debate sobre a urgência de diversificar a matriz energética nacional. Hoje, quase 70% da energia gerada no Brasil é proveniente de hidrelétricas, mas leilões de energia renovável promovidos com frequência pelo governo federal desde 2013 vêm estimulando a construção de parques eólicos e solares em diferentes estados. Já são 375 eólicos e 99 solares operando ou em construção no país. A muitos deles, a Weg forneceu algum componente dos sistemas.

A empresa também foi a primeira a atender 100% dos critérios exigidos em 2012 pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para incentivar a produção nacional das peças que compõem os aerogeradores. Desde 2014, quando as primeiras entregas foram feitas, 126 unidades das megaestruturas deixaram a fábrica de Jaraguá do Sul rumo a distribuidoras de energia de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Nordeste. Até março de 2018, nenhuma nova encomenda pode ser aceita pela fábrica. “Nossa capacidade máxima de produção está comprometida em razão de contratos já firmados há cerca de dois anos”, conta João Paulo Gualberto da Silva, diretor do setor eólico.

A WEG não revela quanto o mercado de renováveis representa em termos de receita, mas, entre as tecnologias desenvolvidas, a porção eólica ocupa metade da demanda. Os outros 50% ficam distribuídos entre as áreas solar, de biomassa e PCHs (pequenas centrais hidrelétricas). O crescimento do mercado eólico, segundo a diretoria, vem sendo determinante para ainda manter o Brasil no posto de responsável por 43% do faturamento da empresa. Os outros 57% já são provenientes de investimentos estrangeiros. E a tendência, os números indicam, é de aumento.

Hoje, a companhia conta com fábricas em 12 países e já exporta para mais de 100. O crescimento da demanda eólica, associada ao avanço no mercado externo, garantiu à Weg condições para seguir na contramão de indústrias nacionais que sofrem com quedas no faturamento. No quarto trimestre de 2015, viu seu lucro líquido crescer 46%, apoiado por uma expansão de 25% na receita. O montante de R$ 384 milhões, garantido entre os meses de outubro e dezembro, por exemplo, foi quase 45% superior ao obtido no terceiro trimestre, segundo dados divulgados em balanço.

Produção de aerogeradores

Hoje, apesar de algumas poucas peças serem importadas da China, as turbinas eólicas são feitas quase que na totalidade com tecnologia local. Quatro meses são necessários para a produção completa de uma unidade. A cada semana, no ritmo atual de produção da companhia, são finalizadas duas.

Com 2,1 megawatts de potência instalada e 120 metros de altura, as estruturas passam a gerar energia a partir do momento em que captam ventos de 40 km/h. Por mês, cada uma é capaz de atender a demanda energética de 2 mil residências. Para dar conta do volume de produção, 1.500 mil funcionários dos 15 mil que trabalham na fábrica de Jaraguá do Sul foram realocados para o setor eólico. A companhia também trabalha no projeto de uma turbina com 3,3 megawatts de potência. O protótipo deve ser concluído no primeiro trimestre de 2018.

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