Desempenho das ações no período de crise| Foto:

O ciclo de baixa nos mercados também dragou as empresas com sede no Paraná e com papéis negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Entre as sete principais companhias abertas do estado, apenas as ações de Copel e GVT caíram neste ano menos do que o Ibovespa, principal índice da bolsa. As variações mais agudas atingiram os papéis da Positivo Informática e da Companhia Providência.

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As ações da Copel caem menos porque o setor de energia é considerado uma espécie de porto seguro em momentos de crise – mesmo na turbulência, as companhias elétricas registram pouca oscilação no faturamento e têm garantia de correção de preços. Enquanto o Ibovespa caiu mais de 42% no ano, o Índice de Energia Elétrica (IEE), composto apenas por papéis do setor, teve retração de 18%.

Desde janeiro, as ações da Copel caíram 12%. Nos últimos 30 dias, período em que o derretimento da bolsa se acelerou, com queda de quase 30%, os acionistas da companhia tiveram perdas de apenas 8,5%. "A Copel, como outras empresas do setor elétrico, paga bons dividendos, tem pouca dívida em dólar e conta com uma demanda estável", explica Luiz Pacheco, analista da corretora Omar Camargo. "É uma opção defensiva para o investidor."

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A GVT também tem uma marca melhor do que a média neste ano. As ações da companhia caíram 31,7% em 2008, 11 pontos porcentuais a menos do que o Ibovespa. O desempenho acompanha a média do setor de telecomunicações, que tem receitas reajustadas por contrato. Segundo Marcelo Salmaso, consultor da GO4!, os investidores percebem ainda a possibilidade de a empresa ganhar com a portabilidade numérica. "É uma barreira a menos para captar clientes", avalia.

Abaixo da média

O pior desempenho em bolsa entre as companhias paranaenses foi o da Positivo Informática. Suas ações caíram 90% no ano. Ontem a cotação final foi de R$ 4,10, muito longe dos R$ 40 cravados em janeiro. Uma sucessão de fatores negativos espantou os investidores. A empresa perdeu uma vantagem fiscal que favorecia a venda em São Paulo, sofre com a valorização do dólar e tem entregue lucros menores.

Entre as outras quatro empresas com desempenho abaixo do Ibovespa, a maior queda é da ALL. Os papéis da companhia vêm seguindo de perto o índice, com desvalorização de 50,8% no ano. Neste caso, pesa o cenário externo, que influencia diretamente exportadores. Isso porque embarques menores significam menor demanda por transporte ferroviário.

Única empresa do setor bancário na lista, o Paraná Banco foi arrastado pelas dúvidas que rondam os bancos pequenos e médios no Brasil. "Essas instituições podem ter dificuldade de caixa e por isso o BC tem anunciado medidas de ajuda", diz Marcelo Salmaso, da GO4!. "Por enquanto é difícil prever quem perde." A queda nas ações do Paraná Banco se concentrou nos últimos 30 dias – a desvalorização chegou a quase 58% neste período.

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Bematech e Companhia Providência têm motivos semelhantes para cair mais do que o Ibovespa. As duas foram bastante valorizadas quando lançaram ações na bolsa e não têm a liquidez de empresas maiores. As quedas de 55% da Bematech e de 67% da Providência corrigem o otimismo excessivo dos últimos meses. "E tem o fator de investidores saírem antes de papéis menos negociados. É importante poder vender rápido em momentos de crise", diz Pacheco.