Agricultor trabalha em fazenda de cacau na Costa do Marfim: preços do doce aumentaram 7,4% em 2014 após problemas no cultivo na África do Sul| Foto: Thierry Gouegnon/Reuters

Companhia brasileira quer triplicar produção em fazendas na Bahia

A M. Libânio Agrícola, produtora e processadora brasileira de cacau desde 1920, pretende triplicar a produção em nove fazendas com 627 mil hectares na Bahia, disse Eimar Sampaio Rosa, diretor e acionista da empresa.

A Bahia já foi a segunda maior região exportadora do mundo e os produtores ainda estão se recuperando de uma epidemia de vassoura-de-bruxa, que devastou as safras na década de 1990, e de um longo período de preços baixos, disse Rosa, cuja empresa abastece a Nestlé e a Bonnat Chocolatier, da França.

"Os níveis de dívida ainda são muito altos entre os cafeicultores depois de todos os problemas que eles enfrentaram", disse Rosa. "O Brasil poderia aumentar substancialmente os níveis de produção e talvez se tornar exportador em 15 anos se os produtores tivessem acesso ao crédito."

Empresas como a Cargill e a Barry Callebaut continuarão se concentrando na África Ocidental e estão ajudando produtores da Costa do Marfim e de Gana a aumentarem os rendimentos para estimulá-los a continuar plantando cacau, disse Victoria Crandall, analista de commodities do Ecobank, em Abidjan, Costa do Marfim.

"A demanda por chocolate só vai aumentar, principalmente na Ásia", disse Victoria. "A médio e a longo prazos, esse é um mercado muito altista."

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Com o aumento dos preços do chocolate, um ex-banqueiro do Credit Suisse Group quer ajudar a reativar o cultivo de cacau na bacia amazônica, local onde supostamente os grãos se originaram há cerca de 15 mil anos.

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Sua campanha, localizada no Peru, é parte de uma iniciativa latino-americana para conquistar um controle maior do setor que atualmente é dominado por produtores da África Ocidental, responsáveis por 70% do mercado. A iniciativa surge num momento em que seca, doenças endêmicas e os controles de preços pelos governos reduziram a capacidade dos produtores africanos de atender à demanda, o que elevou os preços em 7,4% em 2014.

A América Latina, onde cientistas acreditam que o cacau se originou, volta ao mapa da produção. O doce era considerado pelos Astecas como a bebida dos deuses e acabou sendo levado à Europa pelos colonizadores espanhóis. Agora, o ex-banqueiro Dennis Melka decidiu apoiar a iniciativa promovida por Brasil, Equador e Colômbia para que o produto volte às suas raízes.

"O mercado está crescendo mais rapidamente do que a capacidade da África para atendê-lo", disse Melka, diretor-executivo e fundador da United Cacao, com sede nas Ilhas Cayman. "É uma excelente oportunidade para fornecer e mudar o setor confeiteiro."

Trajetória

Melka, que deixou o Credit Suisse em 2005, era diretor da cobertura do banco para mercados emergentes, com foco no Sudeste Asiático.

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Ele fundou a Asian Plantations, que produz azeite de dendê na Malásia. Posteriormente passou a cultivar dendezeiros e outras espécies tropicais na América do Sul, onde as terras não são tão caras.

Em novembro, ele vendeu a Asian Plantations em um acordo cotado em 188 milhões de libras (US$ 286 milhões), de acordo com dados compilados pela Bloomberg. No mês seguinte, a United Cacao arrecadou US$ 10 milhões em sua abertura de capital, em Londres, e as ações subiram 35% desde então.

Cultivo

O cacau é um cultivo temperamental e só pode ser realizado a cerca de 10 graus da linha do equador. Por ter terras em condições ideais e disponíveis para o cultivo imediato na selva sul-americana, Melka afirma que a região amazônica está despontando como um fornecedor primordial para os produtores de chocolate.

Os preços do cacau vêm aumentando desde 2011 e agora estão em cerca de US$ 2.900 por tonelada. "Estamos correndo para plantar porque este preço é incrível", disse Melka.

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Melka pretende pegar uma fatia do mercado da África Ocidental, onde o cacau é cultivado principalmente por pequenos produtores e vendido à Cargill, pela Barry Callebaut, da Suíça, e pela Olam International, que são processadores de grande porte.

À medida que a demanda global aumentar, conduzida em parte pela mudança das preferências do consumidor na Ásia, a Organização Internacional do Cacau projeta uma escassez de 100 mil toneladas no atual ano de cultivo. A fabricante de doces Mars prevê que em 2020 a escassez será de um milhão de toneladas.