A escassez de projetos de engenharia é, na avaliação do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, um dos grandes desafios na área de infraestrutura no Brasil. Foi o que disse nesta quarta-feira (6) durante palestra no seminário Desafios da Gestão Pública no Brasil e nos Estados Unidos, promovido pela Escola Brasileira de Administração Publica e de Empresas (Ebape), da Fundação Getulio Vargas. "Nós enxergamos que o grande desafio é vencer a escassez de projetos. Temos que continuar trabalhando para manter um curso de novos projetos, preparar a engenharia e mobilizar o financiamento privado de longo prazo para compartilhar com o BNDES a função de financiar o novo ciclo de investimento em infraestrutura", expôs Coutinho.
O presidente insistiu que a escassez de projetos que envolvam estudos de demanda, engenharia e análise econômico-financeira é um obstáculo aos investimentos em infraestrutura. O BNDES, informou, que está trabalhando intensamente para financiar o setor. "Não estamos parados, porém, sem descer à preparação dos projetos, você não os concretiza".
Coutinho reconheceu que a taxa de investimento no país subiu nos últimos anos, mas foi acompanhada pela queda de preços relativa de bens de capital, provocada, em parte, pela elevada concorrência internacional. O presidente disse que há uma percepção de que os investimentos em infraestrutura estão se expandindo a uma velocidade superior à do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o que o faz acreditar que, nos próximos anos, o Brasil retomará índices mais altos de investimento nessa área.
A mudança no quadro social no Brasil nos últimos anos, com a migração de um elevado contingente de pessoas para a classe C, aumentou a demanda e a busca por investimentos em infraestrutura, em especial do setor privado. "É o reconhecimento que é preciso mobilizar o setor privado por meio de concessões e de parcerias público privadas [PPPs], para acelerar os investimentos em infraestrutura".
O BNDES prevê que, no período 2014/2017, os investimentos na economia brasileira alcançarão R$ 4,075 trilhões, mostrando taxa média de crescimento de 5,1% ao ano. A estimativa se baseia em pesquisa divulgada pelo banco em junho passado. No quadriênio anterior, compreendido entre 2009/2012, os investimentos somaram R$ 3,172 trilhões. Para infraestrutura, estão previstos, até 2017, investimentos de R$ 575 bilhões, com média anual de crescimento de 6,1%. Os desembolsos do BNDES para o setor de infraestrutura totalizaram R$ 62,2 bilhões no ano passado.
Segundo Coutinho, isso significa que o BNDES precisará continuar a ser a grande âncora para suportar o aumento dos investimentos em infraestrutura. "Não significa que a gente vá abandonar a participação do mercado", disse. Ele acrescentou que a grande vantagem de financiar a infraestrutura por meio do setor privado é que o BNDES pode alavancar os projetos.
O presidente do BNDES salientou que para ajudar diversos ministérios, "quando solicitado", o BNDES criou uma área específica de estruturação de projetos, como os que estão em curso atualmente no segmento de mobilidade urbana. Ele reiterou que o Brasil tem de perseverar na estruturação de projetos "e na linha de que as concessões e as PPPs são o melhor caminho para sairmos de 2,5% [de participação do investimento] no PIB e chegarmos a 5% ou 5,5%".
Coutinho enfatizou que isso vai ajudar que a taxa agregada de investimento suba e viabilizar um salto de competitividade na economia brasileira que, hoje, tem uma logística "insuficiente e onerosa" do ponto de vista da competitividade e com baixa produtividade.
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