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Itaipu: 30 anos de geração

Binacional é muito mais que energia

Valmir Anderle trocou a agricultura à base de agrotóxicos pela orgânica e não se arrepende: “Não queria aquilo mais para mim.” | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Valmir Anderle trocou a agricultura à base de agrotóxicos pela orgânica e não se arrepende: “Não queria aquilo mais para mim.” (Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo)

Muito mais que energia, Itaipu gerou nas últimas três décadas conhecimento, qualidade de vida e tecnologia. Com programas socioambientais de ponta, a binacional disseminou ondas de transformação por toda Costa Oeste brasileira e a Costa Leste paraguaia. Dentro da usina, em uma área de 116 hectares, está o Parque Tecnológico Itaipu (PTI).

Criado em 2003 e instalado nos antigos alojamentos de barrageiros, o PTI é um polo científico e tecnológico. Reúne profissionais especializados em projetos nas áreas de educação, meio ambiente e ciências exatas e tem uma forte vertente educacional. Por lá circulam professores e 3,6 mil estudantes de três universidades: a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), que tem no parque a sede provisória.

Com diversos ambientes e laboratórios, o PTI conta com incubadoras de empresas, fábrica de softwares, Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e o Polo Astronômico Casimiro Montenegro Filho, que recebe turistas, forma professores e está inserido no circuito científico da Astronomia.

O projeto Veículo Elétrico (VE) é outra referência tecnológica. Atualmente, a frota de veículos elétricos da binacional passa de 60 unidades, entre 52 carros emplacados usados pela própria hidrelétrica. Há também protótipos de caminhões, miniônibus e utilitários que circulam internamente na usina.

A iniciativa começou em 2004 a partir de um termo de cooperação tecnológica com a empresa suíça de energia Kraftwerke Oberhasli (KWO). Em 2006, surgiu o VE e foi selada a primeira parceria com a Fiat. Com o tempo, Iveco, Mascarello, Agrale e Renault aderiram ao projeto, além de empresas de energia e produtores de baterias, acessórios de eletrônicos e motores.

Os veículos são dotados de sistema de abastecimento normal (8 horas de recarga), semi-rápido (3 horas de recarga) e rápido (30 minutos de recarga). Podem ser abastecidos em uma tomada similar a de um ar-condicionado na tensão de 220 volts.

Uma carga de 20 kWh permite o veículo elétrico rodar em torno de 120 quilômetros, o que representa uma economia relativa a cerca de quatro vezes o valor da mesma distância percorrida com gasolina. "Por ter motor elétrico, o carro tem uma altíssima taxa de eficiência e baixíssimo ruído e impacto ambiental", explica o coordenador geral brasileiro do VE, Celso Novais.

Desde 2004, foram fabricados 84 protótipos, entre carros de passeios, ônibus e caminhões que são usados na Itaipu e destinados para empresas de energia parceiras. Oito eletropostos para abastecer os veículos já estão espalhados por Foz do Iguaçu, a maioria em hotéis. O interesse de Itaipu com essa plataforma é divulgar e auxiliar o desenvolvimento de tecnologia para a produção no mercado nacional.

Meio ambiente

Cultivando Água Boa revoluciona o modo de ser e pensar de agricultores

Uma revolução verde está em curso na Costa Oeste com patrocínio da hidrelétrica de Itaipu. É o programa Cultivando Água Boa, que promove 69 ações ambientais em 29 municípios da Bacia do Rio Paraná. O projeto surgiu há uma década para combater problemas que afetam a qualidade da água e a produção de energia na usina: o assoreamento; o uso abusivo de agrotóxicos; o desmatamento; e a proliferação de algas, plantas aquáticas e do mexilhão dourado.

Em parceria com associações comunitárias, prefeituras, cooperativas e órgãos ambientais, o Cultivando Água Boa promove ações de educação ambiental e uso sustentável do solo e de recursos hídricos, além de incentivar a agricultura familiar e a sustentabilidade. Um esforço que, na prática, já mostra bons resultados.

Experiência

Morador da cidade de Pato Bragado, o agricultor Valmir Roque Anderle, 56 anos, trocou a agricultura convencional pela orgânica. Tudo começou quando decidiu participar de fóruns e reuniões sobre o assunto. Com o tempo, Anderle conheceu o Cultivando Água Boa e começou a se preocupar com a própria saúde, principalmente quando um amigo agricultor ficou doente após trabalhar muito tempo com aplicação de agrotóxico na lavoura.

O ex-plantador de soja trocou uma área de 40 alqueires por outra de 2,5 hectares e passou a ter muito mais qualidade de vida ao lado da esposa Clarice. "Não queria aquilo mais para mim. Hoje estou tranquilo. Fico mais com a família e a saúde melhorou", conta.

Chamado de Vida Orgânica, o projeto hoje tem adesão de pelo menos mil agricultores na Região Oeste. A sustentabilidade do projeto é garantida porque a venda de toda a produção de vegetais sem agrotóxicos é direcionada para a merenda escolar.

Vida e Cidadania | 1:00

Agricultor de Pato Bragado trocou o plantio de soja pelos orgânicos. Participação de Itaipu foi fundamental.

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