Fundações do campus da Unila, às margens de Itaipu, em Foz. Prédio é projeto de Oscar Niemeyer e deve se transformar em mais um ponto turístico da cidade| Foto: Marcos Labanca

Meta é dominar cadeia do frango

Maior exportador de frango do país, responsável por 25% da carne industrializada brasileira, o Paraná deu a largada para um plano mais ambicioso: o de dominar a cadeia produtiva da ave e ter um negócio autossustentável, do milho e da soja que formam a ração dos animais aos abatedouros que levam a proteína animal à Ásia e ao Oriente Médio.

Da produção de ovos ao frango de corte, a avicultura emprega cerca de 5% da população paranaense – e esse número pode crescer, graças ao aumento do poder aquisitivo da família brasileira. Estimativas da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) dão conta de que o mercado interno consumiu cerca de 70% do volume produzido no país em 2011, mais de 9 milhões de toneladas – 8,3% a mais que em 2010.

Mesmo com os recordes, os produtores dizem sofrer com a alta carga tributária – que representaria 9% dos ganhos, segundo a Ubabef, bem acima dos 5% da União Europeia – e com o au­­mento nos custos de produção causados pela volatilidade de insumos como o milho. A Ubabef diz ter verificado ao longo de 2011 uma oscilação de até 110% na cotação do grão.

"Nossos investimentos estão voltados para a autossustentabilidade do negócio, para que não fiquemos sujeitos a oscilações de preços de insumos ou mesmo à especulação de um ou outro ator da cadeia", afirma o gerente da Unidade Produtora de Pintainhos da cooperativa Lar, em Santa Helena, Sérgio Lenz. O incubatório foi ampliado recentemente e tem condições de produzir 9 milhões de ovos e 7,5 milhões de frangos por mês para os aviários da cooperativa – o dobro de 2006. A unidade busca certificações que a destaquem no mercado, como a GlobalGap, obtida recentemente e exigida pelo Mc Donalds. "Apenas nós e uma unidade da Sadia do Rio Grande do Sul conquistamos essa certificação e podemos fornecer frango à rede."

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Unidade da Cooperativa Lar, de Santa Helena, tem várias chocadeiras
No incubatório da Lar são produzidos 7,5 milhões de frangos por mês para os aviários da cooperativa
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A ampliação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e do Instituto Federal do Paraná (IFPR) a partir deste ano devem transformar Foz do Iguaçu em uma referência em educação e tecnologia no interior do estado até 2015 – um caminho semelhante ao que a Unioeste (também presente em Foz), os câmpus próximos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e sete instituições particulares levaram Cascavel a trilhar nos últimos tempos, trazendo mais industrialização e desenvolvimento ao Oeste do estado.

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Em quatro anos, o número de alunos da cidade da tríplice fronteira deve dobrar para 25 mil, com um total de 10,5 mil alunos na Unila e 2,5 mil no IFPR.

"O grande papel das instituições públicas é fazer uma revolução educacional na região de Foz", afirma o diretor do IFPR na cidade, Luiz Carlos Eckstein. Segundo ele, boa parte dos cursos técnicos e superiores que a instituição está implantando, como o primeiro tecnólogo em Aquicultura, está voltada para uma vocação ainda embrionária da região: a exploração inteligente dos recursos naturais.

"Também apostamos no fortalecimento de nichos turísticos, como o gastronômico", complementa, citando o curso de técnico em Gastronomia, um dos cinco presenciais oferecidos no campus de Foz.

No caso da Unila, o desafio ainda é um pouco maior porque a instituição tem a tarefa política de promover a integração da América Latina e do Caribe. Criada em janeiro de 2010, a universidade é o maior investimento do governo federal no Oeste do Paraná desde a construção de Itaipu. A obra completa da sede da Unila está estimada em R$ 500 milhões. Para o prédio central, em construção desde julho de 2011 e com término previsto para 2013, são R$ 242 mil­­hões.

Os recursos saem do Ministério da Educação, via orçamento da União, com exceção de cerca de R$ 45 milhões para a construção da biblioteca, que sairá do Fundo de Desen­­volvimento Cultural do Mercosul (Focem). O terreno e o projeto, feito pelo escritório de Oscar Niemeyer e avaliado em R$ 11,3 milhões, foram bancados pela Itaipu Binacional.

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A ideia é que metade dos futuros 10,5 mil alunos e 500 professores sejam estrangeiros. Neste ano, 387 dos 1,4 mil estudantes já virão de fora (Paraguai, Uruguai, Ar­­gentina, Peru, Chile e Bolívia, além de Colômbia, Equador e Venezuela). Para não se transformar em um símbolo de dinheiro público mal empregado, no entanto, o principal desafio da Unila é construir, com os países vizinhos, um mecanismo de intercâmbio educacional comum que funcione, com a menor burocracia possível.

Hoje os alunos de fora são escolhidos pelos órgãos de educação de cada país, com regras próprias. "Nossa tarefa [da Unila, do governo brasileiro e dos estrangeiros] é criar um processo mais transparente possível, em que o aluno de fora possa acessar sozinho a Unila, a exemplo do que hoje um aluno brasileiro faz para entrar em uma universidade norte-americana ou europeia. Ele reúne os documentos necessários e se se submete sozinho, sem interferências políticas, ao processo seletivo da instituição", opina o superintendente de Implantação do Campus da Unila, Paulino Motter. Tão importante quanto o acesso dos alunos estrangeiros à instituição também é a saída. O êxito da Unila dependerá de como os diplomas obtidos no Brasil poderão ser validados e usados nos países vizinhos.