Os especialistas em finanças pessoais recomendam: cartão de crédito e cheque especial só devem ser usados em casos de emergência. Quem incorpora essas linhas de crédito ao orçamento pode ficar com uma dívida impagável em pouco tempo. A recomendação ganha ainda mais força em época de fim de ano, com os presentes de Natal e gastos com as ceias pressionando o bolso.
Um empréstimo de R$ 1 mil rolados por 12 meses no rotativo do cartão, por exemplo, se transformam em R$ 5.152,69. Já se o limite do cheque especial ficar estourado nesse período, os mesmo R$ 1 mil viram R$ 3.846,18, entre juros e principal.
“Essas duas linhas são consideradas emergenciais. Ninguém deve rolá-las por muito tempo. Se isso acontecer, é preciso ir imediatamente ao banco e negociar”, explica o diretor de pesquisas econômicas da Associação Nacional dos executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, Ribeiro de Oliveira.
Para quem está fazendo as compras de Natal, o ideal é pagar à vista, diz o especialista em investimentos do banco Ourinvest, Mauro Calil. Ele aconselha que a pessoa faça uma lista de quem quer presentear. Em seguida, enumere o presente e o valor máximo que se pretende gastar.
“Se a soma de tudo ficar acima do que você pode gastar à vista, reduza o valor do presente ou corte pessoas da lista. Usar cheque especial ou o rotativo do cartão nas compras de Natal nem pensar”, diz.
Juros em alta
Os juros estratosféricos cobrados pelos bancos no cartão de crédito e no cheque especial são resultado da alta da inadimplência e de um cenário econômico de aumento de desemprego, recessão e inflação alta que corrói o orçamento das famílias, dizem os especialistas.
Neste contexto, o risco de o banco não receber a dívida aumenta e a instituição eleva o juro para se precaver de um possível calote, explica Calil.
“São linhas de crédito pré-aprovadas. Têm as taxas mais elevadas do mercado porque são automáticas e não exigem garantias”, completa.
Miguel Ribeiro de Oliveira explica que as operações feitas com cartão de crédito e cheque especial são mais arriscadas para os bancos. Como são pré-aprovadas, a instituição empresta sem saber como está a atual situação financeira do cliente. Por isso, os juros são tão altos.
Consignado
Para quem procura linhas de financiamento, Calil alerta que aquelas com as menores taxas de juros são o consignado, empréstimo com parcelas descontadas no salários, e o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), que pode ser utilizado para a compra de um bem, por exemplo, que serve como garantia do empréstimo.
“Tanto no consignado quanto no CDC, as taxas de juros também deram uma subida por causa do risco maior de desemprego e ficam, em média, entre 3,5% e 5,5%. Mas se o cliente tem um bom histórico de crédito e relacionamento com o banco pode conseguir taxas melhores”, afirma.
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