A gigante estatal química chinesa ChemChina ofereceu uma soma recorde de US$ 43 bilhões pela multinacional suíça especializada em produtos agroquímicos Syngenta – a proposta foi aprovada de forma unânime pelo conselho administrativo da empresa.
A operação representa a aquisição mais importante de uma empresa chinesa no exterior, indica um comunicado divulgado pelos dois grupos.
De concreto, a China National Chemical Corp (ChemChina) oferece US$ 465 por ação nominal, aos quais se acrescentará um dividendo especial de cinco francos suíços por título (quase US$ 5).
A notícia influenciou a Bolsa de Zurique nesta quarta-feira (3), onde a ação da Syngenta subiu mais de 5% pela manhã, em um mercado que retrocedia 0,29%.
A fusão, mediante uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), será lançada formalmente durante as próximas duas semanas na Suíça e nos Estados Unidos e deve ser concluída antes do fim do ano.
No ano passado, a Syngenta rejeitou uma OPA de US$ 47 bilhões de sua concorrente americana Monsanto, que agora estuda uma contraofensiva.
Expansão
A ChemChina, um gigantesco conglomerado cuja gestão depende diretamente do governo central chinês, realiza uma política de forte expansão internacional.
Em 2015, assumiu o controle do fabricante de pneus italiano Pirelli, em uma operação de 7,4 bilhões de euros, e recentemente anunciou a aquisição da Kraussmaffei, um emblemático fabricante alemão de máquinas e equipamentos para a indústria do plástico, por 925 milhões de euros.
Em sua busca pela diversificação, a ChemChina garantiu em janeiro deste ano 12% de participação no capital da empresa de corretagem suíça Mercuria.
A aquisição da Syngenta converterá a ChemChina num dos maiores fabricantes de pesticidas e agroquímicos do mundo, reduzindo, ao mesmo tempo, sua dependência das atividades petroquímicas.
Grãos
A ChemChina também poderá ingressar no setor da elaboração e comercialização de grãos.
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Leia a matéria completaAs melhorias de grãos e tecnologias agrícolas são essenciais para as autoridades chinesas, que enfrentam o desafio de alimentar uma população de 1,3 bilhão de habitantes em um país onde as terras cultiváveis se reduzem de forma inexorável.
Mas a aliança tem ambições maiores. “Nossa visão não se limita a interesses mútuos, e sim responder aos interesses dos agricultores e consumidores de todo o mundo”, declarou o presidente da ChemChina, Ren Jianxin, citado no comunicado.
A oferta da ChemChina tem um financiamento sólido, segundo a Syngenta, uma referência ao fato de que a fusão deverá ser concretizada principalmente nos Estados Unidos, um de seus principais mercados.
Em 2005, o gigante petroleiro chinês CNOOC teve de renunciar a um projeto de aquisição do grupo americano Unocal, no valor de US$ 18,5 bilhões, devido à forte oposição política que o projeto gerou em Washington.
A proposta à ChemChina, no entanto, pode ser bem recebida pelos acionistas, pois é totalmente em efetivo, embora possa, também, enfrentar resistências políticas, alerta um analista do banco alemão Baader.
Certo é que se trata da maior aquisição chinesa de uma empresa estrangeira, muito à frente da compra, em 2013 e por US$ 15,1 bilhões, do grupo canadense Nexen pela petroleira CNOOC.
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