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"Investimento externo vive momento histórico"

São Paulo – A perspectiva dos investidores internacionais para o Brasil passa por um momento histórico, na avaliação do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Segundo ele, houve uma mudança importante no sentimento dos investidores em relação ao país nos últimos anos.

"Nos primeiros momentos, existia uma grande preocupação com a solvência", lembrou. De acordo com o presidente do BC, na época, além das multinacionais com presença histórica no Brasil, havia interesse apenas em investir em títulos do governo ou em papéis privados no mercado de crédito.

Após participar das reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington (EUA) na semana passada, Meirelles avaliou que agora os estrangeiros concentram as atenções nos investimentos em bolsa e começam a se voltar aos segmentos de private equity e venture capital – de empresas que ainda não chegaram ao mercado de ações.

"Esse é um movimento da maior importância, que mostra a aposta dos investidores no crescimento do país, não apenas na solvência", avaliou.

Rio de Janeiro – Os investidores estrangeiros lucraram US$ 151,29 bilhões nos primeiros nove meses do ano com as aplicações em ativos financeiros no país e a compra de American Depositary Receipts (ADRs), recibos que possibilitam às empresas brasileiras serem negociadas nos Estados Unidos. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), só a valorização da carteira de títulos no Brasil (antigo Anexo IV) de janeiro a setembro somou US$ 83,38 bilhões, com o total dessas carteiras atingindo US$ 184,98 bilhões no final do mês passado.

Os ADRs de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos, por sua vez, registraram valorização de US$ 67,91 bilhões no mesmo período, com as carteiras somando US$ 176,43 bilhões em setembro. O lucro acumulado em nove meses pelos estrangeiros superou o total das exportações brasileiras de janeiro a setembro, que atingiu US$ 116,6 bilhões, conforme dados do Banco Central.

Ao todo, somando as aplicações em ADRs e os investimentos diretos no Brasil, os estrangeiros detinham US$ 361,41 em ativos brasileiros no final de setembro, dos quais cerca de 90% representados por ações. No final do ano passado, essas carteiras totalizavam US$ 210,12 bilhões. Em termos líquidos, os estrangeiros aplicaram mais US$ 35,794 bilhões no mercado financeiro brasileiro (ações e renda fixa) nos primeiros nove meses do ano, o que representa aumento de quase 300% em relação aos US$ 9,051 bilhões em igual período do ano passado.

As aplicações em ativos financeiros superam o saldo da balança comercial no período (US$ 30,938 bilhões) e o saldo dos investimentos estrangeiros diretos (IEDs, com US$ 28,013 bilhões), que são as aplicações feitas na compra de empresas nacionais ou em ativos fixos (imóveis e equipamentos). É a primeira vez que as aplicações na compra de ações e/ou títulos de renda fixa superam as aplicações dos investimentos diretos (IEDs) ou o saldo comercial, o que ilustra o apetite do mercado financeiro internacional pelos ativos brasileiros.

As aplicações maciças dos investidores estrangeiros contribuíram de forma expressiva para o formidável resultado no balanço de pagamentos este ano, que é o saldo líquido da balança comercial, na balança de serviços e operações financeiras. Segundo o BC, o saldo do balanço de pagamentos até setembro atingiu US$ 73,743 bilhões, recorde absoluto na história do país.

Além do grande interesse pelas ações de empresas brasileiras, os investidores estrangeiros aumentaram muito a compra de títulos de renda fixa, especialmente após o governo isentar essas aplicações de impostos.

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