Rio de Janeiro Os investidores estrangeiros lucraram US$ 151,29 bilhões nos primeiros nove meses do ano com as aplicações em ativos financeiros no país e a compra de American Depositary Receipts (ADRs), recibos que possibilitam às empresas brasileiras serem negociadas nos Estados Unidos. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), só a valorização da carteira de títulos no Brasil (antigo Anexo IV) de janeiro a setembro somou US$ 83,38 bilhões, com o total dessas carteiras atingindo US$ 184,98 bilhões no final do mês passado.
Os ADRs de empresas brasileiras negociadas nos Estados Unidos, por sua vez, registraram valorização de US$ 67,91 bilhões no mesmo período, com as carteiras somando US$ 176,43 bilhões em setembro. O lucro acumulado em nove meses pelos estrangeiros superou o total das exportações brasileiras de janeiro a setembro, que atingiu US$ 116,6 bilhões, conforme dados do Banco Central.
Ao todo, somando as aplicações em ADRs e os investimentos diretos no Brasil, os estrangeiros detinham US$ 361,41 em ativos brasileiros no final de setembro, dos quais cerca de 90% representados por ações. No final do ano passado, essas carteiras totalizavam US$ 210,12 bilhões. Em termos líquidos, os estrangeiros aplicaram mais US$ 35,794 bilhões no mercado financeiro brasileiro (ações e renda fixa) nos primeiros nove meses do ano, o que representa aumento de quase 300% em relação aos US$ 9,051 bilhões em igual período do ano passado.
As aplicações em ativos financeiros superam o saldo da balança comercial no período (US$ 30,938 bilhões) e o saldo dos investimentos estrangeiros diretos (IEDs, com US$ 28,013 bilhões), que são as aplicações feitas na compra de empresas nacionais ou em ativos fixos (imóveis e equipamentos). É a primeira vez que as aplicações na compra de ações e/ou títulos de renda fixa superam as aplicações dos investimentos diretos (IEDs) ou o saldo comercial, o que ilustra o apetite do mercado financeiro internacional pelos ativos brasileiros.
As aplicações maciças dos investidores estrangeiros contribuíram de forma expressiva para o formidável resultado no balanço de pagamentos este ano, que é o saldo líquido da balança comercial, na balança de serviços e operações financeiras. Segundo o BC, o saldo do balanço de pagamentos até setembro atingiu US$ 73,743 bilhões, recorde absoluto na história do país.
Além do grande interesse pelas ações de empresas brasileiras, os investidores estrangeiros aumentaram muito a compra de títulos de renda fixa, especialmente após o governo isentar essas aplicações de impostos.