Discussão

Condsef apresentará hoje contraproposta a reajuste do governo

Folhapress

A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que reúne mais de 30 categorias de servidores federais, informou ontem que apresentará ao governo uma contraproposta de aumentos salariais hoje.

A negociação ocorre em meio à greve de funcionários federais. Segundo a entidade, se o governo aceitar a proposta, as categorias podem voltar ao trabalho até o final desta semana.

A oferta feita pelo governo na semana passada de um reajuste de mais de 15% para os servidores públicos federais, fracionado nos próximos três anos, não agradou os sindicatos das diversas categorias.

No sábado, dia 18, após uma reunião com representantes do governo, a Condsef rejeitou o reajuste. "Os 15% rateados em três anos, na forma como o governo apresentou, não estão sendo bem aceitos pela categoria", afirmou o diretor do Condsef Sérgio Ronaldo da Silva.

A proposta da confederação é a de que o governo eleve o primeiro reajuste, já em 2013, de 5% para cerca de 9%. Os ajustes salariais nos dois anos seguintes seriam discutidos posteriormente. De acordo com Silva, a entidade focará no que ele chama de "setores mais precarizados", como Funai, Embratur e ministérios como da Cultura, Saúde e Previdência.

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Proposta

15,8% foi o reajuste proposto pelo governo para 12 categorias. A proposta é que o valor seja parcelado em três anos.

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Sempre que uma onda de greves acontece, a opinião pública se divide sobre a legitimidade e a eficácia dos movimentos. Sindicalistas experientes defendem que a paralisação é o último recurso de negociação, mas eficiente e necessária. Eles alegam que os pedidos vão muito além dos aumentos de salário e que às vezes estão em jogo carreiras, condições de trabalho e até a soberania nacional.

O presidente do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) do Paraná e Santa Catarina, Silvaney Bernardi, diz que, antes de qualquer coisa, a paralisação é um direito de todo trabalhador, assegurado por lei. "As negociações dos sindicatos são constantes. A paralisação é o último recurso, quando as conversas se encerram sumariamente sem solução", afirma. Ele explica que a greve em si não é uma boa alternativa para o trabalhador, mas que é o único recurso para que ele seja ouvido. "O trabalhador não tem o poder econômico das empresas. Só tem o seu trabalho", diz.

Ele explica que a pedida salarial não sustenta uma greve sozinha. É preciso que tenha amplo apoio da classe e demais exigências. "A última grande greve dos petroleiros foi uma questão de soberania nacional, quando cogitaram privatizar a Petrobrás", afirma Bernardi, ao relembrar da paralisação nacional da classe em 1995.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, expli­ca que cada greve tem sua história e peculiaridade e que é difícil dizer se a tendência é de que elas sejam cada vez mais duras. "O que vemos é uma consciência cada vez maior do trabalhador, diferente de décadas atrás", pondera.

Ele pontua que os trabalhadores da iniciativa privada têm maior poder de negociação, mas que hoje os servidores públicos não se contentam apenas com a estabilidade dos cargos. "Hoje todos podem endurecer uma negociação quando existe adesão", afirma. Butka liderou os metalúrgicos na maior greve da história da Volkswagen, quando os trabalhadores da planta de São José dos Pinhais ficaram 37 dias parados no ano passado. Estima-se que a paralisação causou prejuízos de R$ 1 bilhão à montadora.

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Táticas

O presidente do Sindipetro conta que existem diferentes estratégias para que os trabalhadores tenham êxitos com as paralisações. "Nas obras da Repar, fizemos uma greve logo no início dos trabalhos e nos anos seguintes as negociações foram muito mais simples e respeitosas. Às vezes acontece o contrário. O desgaste evolui a ponto da greve acontecer no final de uma obra, por exemplo", detalha.

No ensino, para uma greve ter efeito, ela deve durar mais do que três meses, como acontece agora, afirma o professor de Organizações e Desenvolvimento da Unifae Lafaiete Neves. "Ao contrário do setor produtivo, a greve de professores não causa prejuízo econômico, mas a partir de três meses parados, os prejuízos políticos do governo são brutais", afirma. Ele esteve à frente da classe entre 1991 e 1994 no Paraná, quando os professores levaram uma greve de 106 dias para protestar contra a redução salarial imposta pelo governo Collor. Na oportunidade, as reivindicações dos docentes foram levadas ao Supremo Tribunal Federal e foram acatadas.