Um dos principais focos de atenção do Banco Central, o mercado de trabalho voltou a ser tema de estudo da instituição. No documento “Expectativa de Vida no Mercado de Trabalho Brasileiro”, o técnico do Departamento de Estudos e Pesquisas da instituição Charles Henrique Correa concluiu que, embora a fecundidade em níveis baixos afete negativamente o número de pessoas na ativa, o tempo médio de vida de cada pessoa no mercado pode aumentar com a queda da mortalidade.
Os resultados do estudo mostram que, em média, a expectativa de uma pessoa aos 15 anos de idade permanecer na ativa ao longo da vida aumentou de 32,5 anos, em 2000, para 34,5 anos, em 2010. Nesse intervalo de tempo, segundo o autor, o aumento da expectativa de vida economicamente ativa ocorreu 50% por meio de queda nas taxas de mortalidade e 50% via mudança nas taxas de atividade.
O estudo revela que as tábuas de expectativa de vida no mercado de trabalho podem ser um instrumento complementar de avaliação desse segmento. Correa salienta que, com a transição demográfica, o efeito de composição pela estrutura etária das taxas de ocupação e de atividade no mercado de trabalho tornou a comparação entre as taxas no tempo e no espaço mais frágeis.
“Além disso, a maior longevidade brasileira e o envelhecimento populacional têm impactado o tamanho, as características e a estrutura etária da força de trabalho, o que demanda indicadores capazes de mensurar a influência demográfica na dinâmica econômica”, escreveu.
Tempo de trabalho
O autor detectou que o Brasil apresentou aumento da expectativa de vida ativa no mercado de trabalho entre 2000 e 2010 e que, embora a queda da fecundidade influencie negativamente o crescimento da população em idade ativa, há indícios de que os jovens atualmente esperam permanecer mais tempo trabalhando em relação ao que ocorria no passado.
“Em 2010, havia proporcionalmente menos jovens entrando no mercado de trabalho e maior expectativa de vida economicamente ativa; em 2000, havia proporcionalmente mais jovens entrando no mercado de trabalho e menor expectativa de vida economicamente ativa.”
O estudo apontou também que os grupos etários mais jovens apresentaram contribuição negativa para o crescimento da expectativa de vida economicamente ativa aos 15 anos de idade no período. “Provavelmente, o fenômeno está associado à maior escolarização dos jovens e entrada mais tardia no mercado de trabalho”, analisou Correa. Para ele, apesar de um cenário futuro de força de trabalho proporcionalmente menor na população, o aumento da escolaridade pode ser um fator compensador via aumento da produtividade da mão de obra.