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Pedestre usa máscara para se proteger da poeira em Pequim | Gilles Sabrie/ The New York Times
Pedestre usa máscara para se proteger da poeira em Pequim| Foto: Gilles Sabrie/ The New York Times

O crescimento econômico dos últimos 20 anos na China geralmente foi alcançado com uma redução da felicidade, especialmente entre os integrantes das classes menos favorecidas da sociedade, revelou uma análise publicada nesta segunda-feira (14) nos Estados Unidos.

O estudo, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), se baseia em seis pesquisas diferentes sobre satisfação auto-declarada com a vida desde 1990, período em que o produto interno bruto per capita da China quadruplicou.

"Há muitos que acreditam que o bem-estar é impulsionado pelo crescimento econômico e que quanto mais rápido o crescimento, mais felizes são as pessoas. Não poderia haver um país melhor do que a China para testar essas expectativas", explicou o principal autor do estudo, Richard Easterlin, professor de economia da Universidade da Carolina do Sul (UCS).

"Mas não há evidências de um aumento evidente na satisfação de vida na China da magnitude que poderia se esperar em vista da enorme multiplicação no consumo per capita", disse Easterlin, que é conhecido por seu trabalho nos anos 1970 sobre como a felicidade não costuma estar vinculada com a riqueza, chamado de Paradoxo de Easterlin.

"De fato, em termos gerais, as pessoas são sutilmente menos felizes, e a China saiu de um dos países mais igualitários do mundo em termos de satisfação com a vida para um dos menos" equitativos nestes termos, acrescentou.

Em 1990, 68% da pessoas pertencentes à classe mais rica e 65% das mais pobres reportaram altos níveis de satisfação.

Mas as cifras mais recentes demonstraram uma queda de mais de 23 pontos percentuais nas últimas duas décadas, segundo análise feita pela UCS com base em pesquisas de opinião realizadas pelos institutos Pew Research Center, Gallup e Horizon Research Consultancy Group, entre outros.

De acordo com o relatório do PNAS, apenas 42% dos chineses com renda mais baixa reportaram altos níveis de satisfação com a vida em 2010.

Enquanto isso, o percentual dos chineses mais ricos que se disseram satisfeitos com suas vidas aumentou cerca de três pontos percentuais ou 71%.

"Não há evidências de uma tendência progressiva substancial na satisfação com a vida da magnitude que deveria ser esperada em vista da quadruplicação do PIB per capita ao longo do período estudado", revelou a pesquisa.

Enquanto as consultas não documentaram as razões deste declínio, é um fenômeno bem conhecido que "o crescimento das aspirações induzidas pelo aumento de salário mina o aumento na satisfação de vida relacionada ao próprio aumento de salário", destacou o estudo.

Segundo a pesquisa, outras razões podem incluir "a vida doméstica e a necessidade de se ter um trabalho para assegurá-la, assim como a saúde, amigos e familiares", acrescentou.

Tendências similares têm sido observadas na antiga União Soviética e na ex-Alemanha Oriental durante os períodos de transição.

Mas o estudo alertou que seria "um equívoco concluir, a partir da experiência de satisfação com a vida na China, e a de países em transição de forma mais genérica, que um retorno ao socialismo e a ineficácia total do planejamento central seriam benéficos".

Ao invés disso, os líderes deveriam observar que "trabalho e segurança salarial e laboral, juntamente com uma rede de seguridade social, são de importância crítica para a satisfação da vida".

O estudo também aplaudiu o governo chinês pelos avanços nos últimos anos para "reparar a rede de seguridade social", o que é descrito como "encourajador" para os cidadãos menos abastados do país.

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