Apesar de ganhar menos, a classe D já tem um potencial de consumo superior ao da classe B. Em maior número, as famílias que ganham entre um e três salários mínimos devem representar, pela primeira vez, uma massa de renda anual superior à da população da classe B, que reúne as famílias que ganham por mês entre 10 e 20 salários mínimos. Com isso, essa faixa passa a ocupar o segundo lugar nos estratos sociais em termos de consumo atrás apenas da classe C, segundo o Data Popular.
A renda da classe D deve somar R$ 381 bilhões até o fim do ano, contra R$ 329 bilhões da classe B. O montante fica atrás apenas da classe C, com R$ 428 bilhões. No total, a massa de renda para o Brasil resultará num volume de R$ 1,38 trilhão, valor projetado para 2010 a partir de uma estimativa de crescimento do PIB de 7% em relação a 2009.
Segundo Renato Meirelles, diretor do Data Popular, a renda dessa faixa da população cresce em média 11% ao ano, acima das demais classes sociais. "É uma classe que agora começa a experimentar o consumo. Se eu fosse definir em uma frase, eu diria que o lema hoje da classe D é eu posso", diz.
De acordo com Meirelles, as empresas ainda patinam para entender o comportamento da baixa renda. "Elas tiveram dificuldade com a classe C e agora têm com a D. É um público muito distante da realidade da maioria dos profissionais de marketing das grandes companhias", descreve. Ao contrário do que muita gente espera, por exemplo, a classe D não prefere necessariamente marcas de segunda linha, ou mais baratas. "O pobre não pode errar. Qualidade funciona como uma espécie de seguro para essa população", afirma.O consumo da classe D já ultrapassou ou alcançou a classe B em cinco das oito principais categorias de consumo interno: alimentação dentro do lar (23,4% contra 15,5%), vestuário e acessórios (17,2% contra 16,9%), móveis, eletrodomésticos e eletrônicos para o lar (18,7% contra 17,6%), medicamentos (19,3% contra 19,1%) e higiene, cuidados pessoais e limpeza do lar (empate de 18,6%). "Enquanto para a classe B a maior parte dos gastos é reflexo da reposição de produtos, para a classe D a maior parte das despesas permite a entrada no universo do consumo", afirma Meirelles. Segundo ele, os setores de computadores, de beleza e de educação são destaques no perfil de consumo dessas famílias.