Um dos maiores obstáculos para a doação de recursos a entidades beneficentes é a falta de informação dos contribuintes sobre como deduzir esse dinheiro do imposto de renda. Pensando nisso, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, realiza hoje um seminário para detalhar como esse tipo de operação pode ser realizada.
A entidade calcula que R$ 3 milhões por ano poderiam ser repassados pelas empresas e profissionais liberais da cidade, mas atualmente são depositados voluntariamente apenas R$ 150 mil. Cerca de 90% do montante arrecadado com a renúncia fiscal chega no mês de dezembro. Para destinar os recursos, basta realizar o depósito na conta do CMDCA e levar o comprovante ao Conselho. O contribuinte retira então um recibo e apresenta-o ao contador para que seja anexado à declaração do IR. "As entidades municipais vivem de pires na mão. E é muito simples, em vez de pagar para o governo, pagar para o Conselho Municipal", resume o advogado Wilson Comel, que é defensor da prática e já realizou diversos depósitos para o CMDCA.São três os maiores entraves à destinação dos recursos para o Conselho. Só podem realizar o depósito pessoas físicas que fazem a declaração completa. "Por isso pedimos às entidades das classes de médicos, dentistas e advogados, para que estimulem seus associados, porque eles já fazem a declaração detalhada. Já para o assalariado é mais difícil", afirma o presidente do Conselho, Jane Villaca. Outro entrave é que no caso das empresas, são aceitos apenas os depósitos das que calculam o IR com base no lucro real, e não das que fazem estimativa sobre o lucro presumido caso da maioria. O último problema, segundo Wilson Comel, é a "falta de cidadania". "Os profissionais liberais, que seriam os mais esclarecidos, não fazem o depósito. Sempre têm uma desculpa esfarrapada", diz o advogado. O evento em Ponta Grossa será na Associação Comercial e Industrial da cidade (Acipg), às 7h30.