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Muitas pessoas continuam céticas em relação ao futuro dos autônomos. Juan Carlos Montes administrou um restaurante privado no pátio de sua casa em Havana por cinco anos, mas ficou exausto de receber visitas de inspetores implicantes e fechou o estabelecimento no ano 2000. Agora, ele está relutante em começar de novo. "Quando alguém que tem o mesmo argumento há mais de 40 anos de repente muda o tom, é preciso muita fé para acreditar", diz.

Sua esposa, Yodania Sanchez, vem tentando mudar a mentalidade de Montes. Ela tem licença para alugar dois quartos em sua desordenada casa e paga cerca de US$ 243 em impostos todo mês, independentemente da ocupação dos quartos. "As mudanças são realmente positivas. Há novas oportunidades", diz ela, enquanto limpa a minúscula cozinha. "As pessoas querem que Cuba se torne uma Suíça da noite para o dia, mas isso não é possível", considera.

Mas Montes jura que não abrirá um novo restaurante até que haja um mercado de atacado. "As pessoas não conseguem aquilo de que precisam para gerenciar um negócio", ele disse. "O carpinteiro não tem madeira. O eletricista não tem cabo. O encanador não tem canos. No momento, não há farinha nas lojas. Então o que as pizzarias estão fazendo? Elas têm de comprar coisas roubadas das padarias", denuncia.

O governo afirma que estabelecerá um mercado atacadista – embora isso possa levar anos – e que, este ano, importará US$ 130 milhões em bens e equipamentos para o setor privado. Também planeja microempréstimos e cooperativas comerciais, além de permitir que as pessoas comprem e vendam carros e casas, uma medida que, como especulam alguns analistas, pode ser anunciada antes do Congresso do Partido Comunista, em abril.

Por ora, carpinteiros como Pedro Jose Chávez só estão autorizados a fazer reparos, e não produzir objetos, pois não há mercado legal para a madeira. Sua oficina, que fica em cima do telhado na área de Vedado, em Havana, está cheia de máquinas feitas com partes reaproveitadas, pois as ferramentas reais são muito caras. "É um absurdo que eles concedam uma licença para trabalhar, mas não deem acesso a materiais", diz Chávez. "Cuba está se desintegrando", ele acrescenta, apontando para os prédios ali perto. "Poderíamos ajudar a reconstruí-la", afirma.

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