As exportações de milho do Brasil devem mais que dobrar em janeiro em relação aos embarques do mesmo mês do ano passado, com a ajuda de um câmbio mais competitivo, disseram fontes do mercado, que apontam um volume de cerca de 1 milhão de toneladas.
Em janeiro do ano passado, as exportações de milho somaram 392 mil toneladas.
Dados de um corretor de São Paulo compilados até a última terça-feira indicavam que o volume embarcado para fora do país, dias antes do fim de janeiro, era de 750 mil toneladas.
"Devemos fechar janeiro com exportação de 900 mil a 1 milhão de toneladas", confirmou um outro corretor, este baseado no Paraná, que pediu para ficar no anonimato. Em dezembro, o volume embarcado já foi expressivo, em 1,3 milhão de toneladas.
As fontes afirmaram ainda que estão previstos até meados de fevereiro embarques ao exterior do cereal de mais de 700 mil toneladas.
"O fator do dólar é o maior impulso no mercado agora", declarou o analista Leonardo Sologuren, da Céleres.
Mas o corretor paranaense acrescentou que os vendedores estão contando também com recursos do PEP (uma subvenção governamental ao escoamento) para realizar as exportações, visto que boa parte do produto exportado, disse ele, foi produzido em Mato Grosso, distante dos portos e sem competitividade logística.
O prêmio para o escoamento foi de 47 reais por tonelada, em leilão governamental no ano passado.
A maior parte dos embarques neste início do ano ocorre pelo porto de Santos (SP), mais um indício de que o produto é mato-grossense e conta com o PEP, um recurso que já ajudou exportações no passado --se os maiores volumes exportados tivessem origem no Paraná, seriam provavelmente exportados pelo porto de Paranaguá, no mesmo Estado, com o vendedor aproveitando um frete mais barato até o porto.
O porto de Santos, segundo a corretora, registrou embarques em janeiro de 353 mil toneladas, contra cerca de 180 mil em Paranaguá.
Questionada sobre o assunto, uma fonte do governo admitiu a possibilidade de o PEP --criado para facilitar o escoamento do produto de regiões produtoras para consumidoras dentro do país-- estar sendo utilizado em apoio às vendas externas.
"Market Share"
Para o analista, há a possibilidade de essa tendência de força nas exportações de milho continuar este ano.
"O desafio é aproveitar a competitividade do dólar e ganhar market share, porque a princípio o trading global é menor, 19 milhões de toneladas menor do que no ano passado", destacou Sologuren.
O Brasil, terceiro exportador mundial de milho, fechou 2008 com vendas externas de 6,4 milhões de toneladas, ante um recorde de 11 milhões em 2007. Para este ano, o governo brasileiro prevê 8 milhões de toneladas.
Além do câmbio competitivo, disse o analista, uma safra da Argentina menor daria mais espaço para as exportações brasileiras.
A dificuldade para ampliar as exportações, analisaram as fontes, está no preço interno, que após ficar deprimido por um período passou a acompanhar a paridade de exportação.
"A exportação está sustentando o preço interno. O mercado interno é obrigado a acompanhar, se não fica sem o milho", disse o corretor. Mas o analista lembrou que no ano passado uma "alta artificial" do milho acabou limitando as exportações.
As fortes exportações de milho neste início de ano ocorrem em um período em que o volume exportado de soja, o principal grão de exportação do Brasil, costuma cair, quando há pouco produto disponível na entressafra.
Informações da corretora paulista apontavam embarques em janeiro de aproximadamente 500 mil toneladas de soja, contra 599 mil no mesmo mês de 2008.
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