Os planos de expansão da Klabin vão muito além da fábrica de papel de Telêmaco Borba. Toda a cadeia da produção de matéria-prima para embalagens vem sendo redimensionada. A própria extensão das florestas, hoje em 192 mil hectares, deve passar de 200 mil hectares até o final do ano.
Com isso, a empresa continuará produzindo mais madeira do que o necessário para obter a celulose usada em suas fábricas. Hoje, a cada três árvores que seguem para a produção de papel, uma é vendida para terceiros fábricas de móveis, lâminas, serrarias. Mesmo assim, segundo o diretor florestal da Klabin, Reinoldo Poernbacher, será necessário reforçar as atividades nos viveiros de mudas e nas áreas plantadas para manter a postura de cautela diante da crescente demanda internacional.
São justamente as florestas que vão gerar a maior parte dos novos empregos permanentes em Telêmaco Borba: cerca de 700, contra 250 dentro da indústria. O primeiro corte de eucalipto e o desbaste inicial do pinus são realizados seis anos após o plantio, prazo que reserva bom número de vagas ao setor.
Mas, por enquanto, a ampliação da atividade florestal é a menos visível. Os operários se concentram em volta da própria fábrica de papel, separada da cidade de Telêmaco pelo Rio Tibagi. Nos dias de mais atividade, 2,5 mil pessoas entram e saem do parque industrial da Klabin, por uma ponte estreita ou pelo bonde aéreo, que facilita a travessia do rio.
Para que a circulação de pessoas não saia do controle, os operários passam o dia no local de trabalho. Uma das primeiras obras necessárias foi a construção de um novo refeitório, já em funcionamento.
Para ampliar a atividade industrial, um novo descascador de toras vem sendo instalado. A idéia é abrir uma terceira linha de preparação de madeira, daqui a oito meses. Os dois descascadores em atividade têm 5 metros de diâmetro por 20 de comprimento, e o novo, 6 de diâmetro por 35 de comprimento. Na outra ponta do processo de fabricação de papel, segue adiantada a instalação de uma segunda caldeira de recuperação dos produtos químicos. A construção terá 50 metros de altura, como a atual.
Resíduos
A Klabin sustenta que a expansão de suas atividades não vai aumentar o lançamento de efluentes no Rio Tibagi. Além de ampliar a recuperação de substâncias químicas como a soda, a empresa deve instalar mais dois clarificadores de resíduos (hoje são dois), e uma segunda lagoa de aeração. Antes de chegar ao Tibagi, os resíduos deverão passar por uma filtração final, que hoje não existe.
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) já concedeu licença prévia e licença de instalação à Klabin. Nos próximos meses, deverá avaliar as condições de operação da indústria, que pretende colocar as novas instalações em funcionamento no segundo semestre de 2007.
Galpão central
O coração das novas instalações galpão onde ficará a nova máquina de fazer papel já pode ser visto da cidade de Telêmaco. Separada da zona urbana pelo Rio Tibagi, a construção terá 300 metros de comprimento por 40 de largura e 25 de altura.
Uma ponte rolante de 40 metros de largura, no alto da construção, começa a ser usada para a instalação da máquina de fazer papel. A construção do galpão andou a passos largos, com produção de pré-moldados no próprio pátio da indústria.
A última máquina de fazer papel que a Klabin instalou em Telêmaco é de 1978. Na década seguinte, a empresa iria instalar outra matriz no município, com peças usadas importadas por preços atrativos. Esses equipamentos, no entanto, acabaram sendo usados em manutenção e modernização das máquinas em operação.
Com a atual expansão da indústria, a Klabin vai produzir cerca de 400 toneladas a mais de celulose em Telêmaco Borba. Para ampliar a exportação, se obriga a reforçar ainda sua estrutura de transporte. Novos vagões de trem já estão em operação para que o embarque férreo continue representando pelo menos 20% do transporte da produção. Foi necessário aumentar também o depósito, que manterá a capacidade de armazenar a produção de 20 dias de trabalho.