A dificuldade de acesso ao crédito pode fazer com que a Petrobras reveja seu plano de construção de navios petroleiros segundo duas fontes consultadas dentro da estatal. A petroleira e a sua subsidiária, a Transpetro, que é a responsável pela licitação nos navios, negam que isso de fato ocorra.
O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, inclusive, é enfático ao defender que o Programa de Modernização da Frota (Promef) é um projeto estruturante e que não tem que se balizar em oscilações momentâneas do mercado. "A atual crise financeira é muito mais psicológica e o Brasil está vacinado contra ela", disse. Segundo ele, não haveria dificuldade de obtenção do crédito porque o volume a ser destinado para a construção de 23 navios que estão sendo licitados, estaria garantido pelo Fundo de Marinha Mercante.
Segundo fontes, tanto o pacote de encomendas que está no mercado quanto um novo pacote que seria lançado em seguida já estão adiados em pelo menos 12 meses. A idéia, ainda segundo estas fontes, seria usar o caixa próprio da Transpetro e da área de Abastecimento da estatal para priorizar os investimentos da Exploração e Produção nas áreas do pré-sal, em torno das reservas descobertas do pólo de Tupi.
Mas até mesmo a licitação já anunciada pela Petrobras para a construção de plataformas para a área de Tupi, na Bacia de Santos, estaria sendo revista pela diretoria da companhia, dizem estes profissionais ligados à empresa. Segundo as mesmas fontes, a Petrobrás quer "ganhar tempo" para ver se a crise financeira mundial dá uma arrefecida. "A estratégia é adiar o prazo de entrega dos cascos dessas plataformas, porque é o momento em que a companhia tem que desembolsar a maior quantia do pagamento", garantiu uma das fontes.
Além dos navios, diz a segunda fonte, a Petrobrás já estaria também estudando o adiamento da construção de pelo menos uma das duas refinarias premium anunciadas para serem instaladas no Ceará e no Maranhão e que consumiriam US$ 30 bilhões para começar a operar entre 2013 e 2014. "Ambas as refinarias estão voltadas para o mercado consumidor americano. Se ele está se retraindo, nada mais certo do que repensar esses planos também", comentou.
O diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, nega que qualquer decisão tenha sido tomada até o momento. Ele lembrou que não há esta separação entre o caixa do Abastecimento e o da área de Exploração e Produção. "Trabalhamos com os caixas centralizados", disse, completando que o pré-sal é sim uma prioridade estratégica para a companhia. "Mas isso não significa que vamos suspender investimentos em outras áreas", disse o diretor.
Barbassa salientou a importância da ocorrência dessa discussão prolongada antes do lançamento do plano estratégico da companhia A Petrobrás adiou por pelo menos três a divulgação de seu plano de investimento para o período entre 2009 e 2020. Da última vez, a estatal anunciou que deve divulgá-lo até o final do ano. "Estamos com dificuldades de encontrar os parâmetros que nos balizarão nestes investimentos", disse, comentando a volatilidade do preço do barril de petróleo e do câmbio.
Ele disse, no entanto, que está bastante otimista com os novos sinais dados pelo mercado nos últimos dois dias e confiante na recuperação dos preços do barril do petróleo e da queda do dólar a patamares "mais ajustados". "Isso pode fazer com que sequer sejam necessárias grandes alterações no que vínhamos preparando para o planejamento estratégico da empresa", disse Barbassa.
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