A falta de informação estimulou movimento extra nas agências da capital paulista no primeiro dia de funcionamento do novo sistema do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que concede a aposentadoria em meia hora.
Em dia de agências lotadas a demanda aumentou entre 19% e 20% nas agências da capital paulista, segundo a gerência regional de São Paulo grande parte da demanda extra foi de pessoas que não tinham direito a requerer o benefício.
"A maior parte desse volume maior nas agências eram de interessados que ouviram falar que era só apresentar a identidade para se aposentar", diz a gerente regional substituta para São Paulo do INSS, Lúcia Helena Paquier.
Segundo ela, a confusão maior ocorreu porque muitas pessoas foram atraídas pela divulgação em torno das facilidades do novo sistema. Depois de esperar pelo atendimento, saíram das agências sem conseguir o benefício porque não se adequavam ao perfil exigido. De acordo com o INSS, havia 480 agendamentos relacionados a pedidos de aposentadoria por idade nesta segunda-feira.
"Muitas pessoas nunca tiveram vínculo empregatício e vieram fazer o requerimento; eu mesma atendi uma pessoa sem o perfil que me falou que queria se cadastrar para a aposentadoria, porque o Lula falou", diz.
Durante as cerca de quatro horas em que permaneceu em um dos postos de atendimento mais movimentadas da capital paulista, a reportagem do G1 encontrou cinco pessoas que estavam na fila mas não tinham direito à aposentadoria - na maioria, porque não tinham contribuído ao INSS.
É o caso de Ana Catarina Furlan, 60 anos, que tinha cerca de dois anos de trabalho comprovado em carteira e algumas contribuições ao INSS. Ela agendou o atendimento para esta segunda estimulada pelo filho Ricardo, 36 anos, assistente financeiro, que a levou à agência em busca de mais informações.
"Nós já íamos tentar a aposentadoria dela mesmo, de um jeito ou de outro. Mas eu vi a questão dos 30 minutos (prazo máximo para concessão da aposentadoria" e disse por que não tentar?". Após aguardar quase uma hora na fila, eles receberam a notícia de que não tinham direito ao benefício.
"É uma pena, eu vi outras pessoas com o meu perfil que conseguiram" disse, ela, que foi recomendada a se candidatar no futuro ao amparo assistencial concedido pela Lei Orgânica de Assistência Social (Loas) quando completar 65 anos de idade.
Caso semelhante foi o da trabalhadora Aparecida Felisardo Schimmak, 75 anos, que trabalhou por muitos anos em atividades autônomas como limpeza de casas de família e venda de papelão e latinhas que recolhia das ruas. Depois de entrar por volta das 10h30 na fila de distribuição das senhas de atendimento, ela só foi informada de que não atendia às exigências do perfil de aposentadoria mais de uma hora depois.
Requisitos básicos
De acordo com a gerente regional substituta para São Paulo do INSS, Lúcia Helena Paquier, é importante que os interessados façam os seguintes questionamentos antes de solicitar o benefício:
- sou trabalhador com carteira assinada ou autônomo que contribui com o INSS?
- tenho 60 anos (mulheres) ou 65 anos (homens)?
- fiz pelo menos 180 contribuições para o INSS (por carnê ou carteira assinada)?
Se as respostas forem afirmativas, o interessado deve ligar para o número 135 e agendar o atendimento em um dos postos. "Não precisa de correria, o direito será garantido a quem tem o perfil", explica. Dúvidas adicionais também podem ser solucionadas pelo telefone.
A educadora Hideco Kawamura, fez 60 anos no dia 1 de janeiro e já aproveitou os primeiros dias de atendimento de 2009 para protocolar o pedido de aposentadoria. Ligou para o INSS pela manhã e conseguiu agendar o atendimento para o mesmo dia, horas mais tarde.
"Prontinho, você já está aposentada" ouviu a educadora cerca de 20 minutos após chegar ao guichê de atendimento do INSS. O atendimento, no entanto, começou com cerca de trinta minutos de atraso em relação ao agendamento. Ela não recebeu a carta que comprova a aposentadoria, que deve chegar em cerca de 15 dias até sua residência. "Com a virada do mês, os índices de correção estão sendo atualizados e o sistema não imprimiu", disse.
A educadora, que teve seu primeiro emprego em 1968, diz que achou o processo bem mais rápido do que imaginava. "No geral foi muito tranqüilo", disse ela, que pretende a partir de agora continuar ativa em projetos sociais.